Cunhada de Vaccari tem lucro
de 116% em um ano na venda de um apartamento no prédio do Lula. Vendeu para
quem? OAS!
(Folha de São Paulo) Documentos anexados
em disputas judiciais sugerem que a construtora OAS, investigada na Operação
Lava Jato, favoreceu a cunhada do ex-diretor de finanças do PT João Vaccari
Neto em uma transação imobiliária. O caso envolve um apartamento comprado e
vendido por Marice Correa de Lima no edifício Solaris, no Guarujá (SP).
O prédio --onde o
ex-presidente Lula é dono de uma cobertura-- foi lançado pela Bancoop
(Cooperativa Habitacional dos Bancários) em 2003. Mas a obra parou com o
colapso da cooperativa, que foi presidida por Vaccari entre 2004 e 2010.
Em 2009, quando incorporou o
Solaris, a OAS ofereceu aos mutuários as seguintes opções: pagamento de valor
extra para receber as chaves quando a obra fosse concluída ou ressarcimento dos
valores pagos à Bancoop em 36 prestações. A primeira parcela da devolução só
seria paga 12 meses após o distrato.
Registros oficiais mostram
que Marice pagou, entre 2011 e 2012, R$ 200 mil pelo imóvel em construção. Em
2013, ela fez o distrato e recebeu R$ 432 mil da OAS, à vista, um ganho de 116%
em um ano. Meses depois, a OAS revendeu o imóvel por R$ 337 mil. O tratamento
destoa do oferecido a outros compradores no mesmo prédio.
Na disputa que trava com a
OAS na Justiça, Eliana Vaz de Lima, outra mutuária, diz que em 2009 já havia
pago R$ 213 mil por um imóvel no Solaris. Ela possui e-mails de 2013 em que a
OAS oferece a ela a possibilidade de devolução de R$ 234 mil. Ou seja, uma
correção de 9,9% em quatro anos. O valor seria devolvido em 36 parcelas,
começando um ano após a assinatura do acordo para encerrar a disputa.
METADE DO VALOR
Outra comparação que sugere
favorecimento da OAS para a cunhada de Vaccari é com a compradora do
apartamento 64-A do Solaris, a bancária Luciane Giogo Galvão. Luciane diz ter
pago todas as parcelas do contrato com a Bancoop. Ela buscava financiamento
para pagar o extra pedido pela OAS para entrega das chaves quando a construtora
realizou o distrato unilateral e, em janeiro, vendeu o imóvel a outra pessoa.
Na ação de recuperação judicial
da empreiteira na 1ª Vara de Falências de São Paulo, a OAS reconhece que deve a
Luciane R$ 194 mil. Ou seja: menos da metade do que pagou, dois anos antes, a
Marice por um imóvel idêntico. Vaccari e Marice foram citados pelo doleiro
Alberto Youssef, delator da Lava Jato, como intermediários de suborno pago pela
OAS ao PT. As transações no edifício Solaris levantaram suspeitas de que
serviam, na verdade, para camuflar propina.