quinta-feira, 31 de julho de 2014

BOLA PRETA: Cuidado a economia vai mal


De costas para a realidade

EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 31/07


O Brasil estaria bem melhor, com maior crescimento, inflação menor, exportações bombando e contas públicas mais sólidas, se o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconhecesse os problemas e gastasse menos tempo negando fatos bem conhecidos por qualquer pessoa razoavelmente informada. Ele se envolveu em mais uma batalha desse tipo, nesta semana, em mais um esforço inútil para contestar avaliações apresentadas em relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI). No primeiro documento, sobre efeitos colaterais de mudanças na política dos países mais importantes, o Brasil é incluído na lista dos sete emergentes mais vulneráveis. Os outros são Rússia, Turquia, Indonésia, Índia, Argentina e África do Sul. No segundo, a situação das contas externas brasileiras é apresentada como "moderadamente frágil", com risco de rápida piora, em caso de forte desvalorização dos produtos básicos.

Segundo o ministro, o FMI repetiu, no primeiro estudo, um erro cometido há meses por outras instituições, quando incluíram o Brasil na lista dos países mais sujeitos a problemas, se as condições financeiras ficassem mais apertadas. O Brasil, segundo ele, enfrentou muito bem as dificuldades já ocasionadas pela mudança na política monetária americana. O câmbio, disse o ministro, está estabilizado e o País continua sendo um dos principais destinos do investimento estrangeiro direto.

Mas ele deixou de mencionar dois detalhe importantes. O real foi uma das moedas mais afetadas pelas mudanças nos mercados cambiais, no ano passado, e a instabilidade só foi contida graças a repetidas intervenções do Banco Central (BC). Essas intervenções foram mantidas neste ano, para impedir ou limitar o efeito inflacionário da depreciação do câmbio. Além disso, o investimento estrangeiro direto continua insuficiente - como já foi no ano anterior - para cobrir o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. Caiu, portanto, a qualidade do financiamento necessário ao fechamento das contas externas.

O esquecimento, ou negligência proposital, desses dois detalhes deixou na sombra um amplo conjunto de problemas. Nem o governo prevê para este ano um crescimento econômico superior a 1,8%, número apontado há poucas semanas pelo Ministério do Planejamento. No mercado, as projeções são inferiores a 1%. O FMI, em sua última revisão do panorama econômico mundial, baixou de 1,8% para 1,3% a estimativa de expansão do PIB brasileiro. Reduziu as projeções para outros países, também, mas os números previstos para o Brasil estão entre os piores, no cenário global, e desde o ano passado têm sido revistos para baixo.

O ministro da Fazenda está certo quanto a um ponto: o FMI tem errado em relação à economia brasileira. Mas tem errado por excesso de otimismo e por levar a sério, mais do que deveria, a política de Brasília.

O Brasil, como outros emergentes, perdeu dinamismo nos últimos anos e isso se deve, segundo a análise do FMI, mais a fatores estruturais do que à conjuntura internacional. São problemas internos: infraestrutura deficiente, contas públicas em mau estado, inflação elevada e contas externas em deterioração.

O câmbio valorizado é parte do problema, admitem os analistas do FMI. Mas eles poderiam acrescentar: esse problema persistirá enquanto a inflação for muito alta e o BC, para atenuar a alta de preços, intervier no mercado para conter a depreciação do real.

Todos esses problemas têm sido extensamente discutidos por economistas brasileiros e estrangeiros. Mas o governo se recusa a enfrentá-los seriamente. As autoridades têm preferido maquiar as contas públicas e administrar os índices de inflação, contendo os preços de combustíveis, da eletricidade e do transporte público.

A situação "moderadamente frágil" das contas externas é um complemento previsível desse quadro. O País dispõe de reservas próximas de US$ 380 bilhões e isso proporciona alguma segurança. Mas a segurança efetiva e duradoura só poderia provir de um aumento da produtividade geral do País e da competitividade. Disso o governo tem cuidado muito mal

BOLA PRETA: A economia vai mal? É preciso mudança.


Profecias e realidade

ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP -31/07


BRASÍLIA - Ou a presidente Dilma Rousseff deu azar, ou houve uma conspiração. Enquanto ela dizia que a economia vai muito bem, obrigada, e fazia um apelo na CNI para que empresários não se deixem levar por "profecias pessimistas", novas notícias que minam esse discurso viravam manchetes nos jornais online.

Logo ontem, quando Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos faziam contorcionismos para impressionar bem o empresariado, veio a informação de que a recuperação econômica dos EUA está sendo mais forte do que previsto. A potência cresceu a uma taxa anual de 4% no segundo trimestre, o que pode levar o crescimento a 2% no ano. A expectativa para o Brasil é em torno de mísero 1%.

No discurso de Dilma, o Brasil amarga esse pibinho por causa das potências, das influências externas, da crise de 2008 e, afinal, gente, porque todo mundo está crescendo pouquinho mesmo. A novidade dos EUA mostra que não é bem assim. E isso, claro, embaralha os pretextos da presidente candidata para os resultados pífios da economia. É preciso arranjar outros pretextos rapidinhos.

E foi justamente durante o discurso de Dilma na CNI que o Tesouro Nacional --veja bem, que é do governo, chefiado pela presidente-- deu uma outra má notícia, pior ainda para ela e para o empresariado: o saldo entre receitas e despesas do governo federal no primeiro semestre foi o pior dos últimos 14 anos. Ou seja, com crescimento tão raquítico, a arrecadação cai; com o ano eleitoral, a gastança pública sobe.

Daí que o governo promete, promete, mas não tem como cumprir o compromisso de poupar R$ 80,8 bilhões em 2014, simplesmente porque, na metade do ano, só conseguiu atingir 21% dessa meta. E não porque seja bonzinho, porque sacrifique índices para favorecer os pobres da nação, mas porque não está gerindo adequadamente a economia, nem os gastos.

O empresário sabe distinguir "profecia pessimista" de constatação

BOLA BRANCA: Ótimo artigo, vale a pena ler. A economia do Brasil não vai bem


O dinheiro e a informação

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 31/07


Qualquer analista diria que um segundo mandato da presidente Dilma não seria bom para o investidor comum

Jornalistas, pelo menos aqui no sistema Globo, não podem recomendar investimentos financeiros. Jornalistas e comentaristas de economia não podem nem ter ações de qualquer empresa, pela ética e pela prática. O profissional pode ser isento, mas as aparências contam aqui. O público terá todo o direito de desconfiar do comentário, se souber que um comentarista está vendendo ou comprando ações de uma estatal.

É a mesma coisa com os jornalistas de gastronomia. Não podem aceitar uma boca-livre e depois comentar sobre aquele restaurante.

Já houve muita fraude e muito comportamento errado entre jornalistas, aqui e lá fora. Como prevenir? Uma hipótese seria impor severa regulamentação legal para o trabalho dos jornalistas — uma péssima saída porque levaria fatalmente a uma severa restrição à liberdade de imprensa. O princípio maior é que a imprensa tem de ser livre. Se é boa ou não, isso depende da sociedade, do público que vai consumir ou não esta ou aquela publicação.

Por isso, veículos sérios adotam códigos de ética. O controle interno é o melhor. Com o tempo, o público reconhece o caráter do veículo. Distingue entre o chapa-branca e o isento, entre o oportunista e o sério, entre o que quer fazer dinheiro a qualquer custo e o que quer fazer dinheiro com o jornalismo sério.

Sim, claro, o jornalismo sério se equivoca não raras vezes. Mas volta ao assunto, reconhece, refaz. Tinha que ter alguma vantagem isso de ter de produzir notícia todos os dias...

Resumindo, jornalistas podem tratar de qualquer tema, podem dizer que uma empresa vai bem — e mostrar os dados — ou que um setor vai mal, mas não devem dizer “compre isto”, “venda sua casa e aplique em juros”, coisas assim.

É diferente a situação dos analistas de investimentos. O cliente de um banco precisa de orientações específicas.

Analista de investimento é uma profissão. “Broker” também. Para montar um grupo de investidores e formar, por exemplo, um clube de ações, o sujeito precisa de licença e autorização da Comissão de Valores Mobiliários. Idem para recomendar aplicações.

A regulamentação, aqui e lá fora, também resulta de equívocos e malfeitos cometidos ao longo do tempo. O mais comum era — e pode ser — o banco indicar investimentos que serão ruins para o investidor e bons para o banco. Imagine que o banco, na sua Tesouraria, comprou ações da Petrobras e quer se livrar delas. Se sair por aí dizendo que os papéis da estatal vão subir e, para ajudar um pouco, colocar um “laranja” para comprar lotes desses papéis e forçar uma valorização inicial, trata-se de um grande roubo.

Tem lei e regulamentação para tentar administrar o conflito de interesses que pode haver entre o cliente/investidor, o banco e o dono do banco.

Por isso, o setor do banco que se relaciona com os clientes, informando e sugerindo aplicações, tem que ser independente. Deve ser assim num mercado sério. O Brasil tem melhorado nesse aspecto, com regulamentações e prática. Uma delas é a ampla publicidade: analistas de investimentos vêm a público todos os dias com seus relatórios. Recomendam compra ou venda de ações, indicam qual o preço alvo. Os relatórios vão para os clientes e frequentemente são distribuídos para a imprensa. Como fazem as consultorias nacionais ou estrangeiras.

Ora, é evidente que a política tem a ver com a economia. As políticas do governo Dilma provocaram enorme desvalorização das ações da Petrobras, o caso mais forte. Questionada sobre isso, a presidente já argumentou que as estatais não trabalham para especuladores — e colocou assim no mesmo saco os grandes especuladores, os trabalhadores que colocaram seu FGTS na estatal e o investidor comum que simplesmente pensava em juntar algumas economias.

Tudo considerado, qualquer analista diria que um segundo mandato da presidente Dilma não seria bom para o investidor comum. Mesmo admitindo que a atual gestão da Petrobras pode trazer resultados a longo prazo, o fato é que, no momento, a companhia não coloca o lucro e o interesse do investidor minoritário como objetivo central.

Foi o que disse o pobre ou a pobre analista do Santander. E é o que estão dizendo todos, repetindo, todos os demais analistas há muito tempo. Normal.

Ruim foi a reação do governo, escolhendo um alvo fácil para se declarar vítima de terrorismo, em vez de contestar os dados. Ameaçou assim a liberdade de informação.

Pior foi a reação da direção do banco, que pediu desculpas ao governo e demitiu o(a) analista. Disse que ele(a) fizera coisa errada. Quer dizer que o certo é comprar ações quando aumentarem as chances de Dilma? Os clientes do banco foram enganados nos últimos relatórios ou estão sendo enganados agora?


E o dono do banco, Dom Emilio Botin, defendeu o seu negócio. O governo é regulador e muito bom cliente. Uma ordem, e governos, prefeituras e entidades públicas podem fechar contas com o Santander. Resumo: prevaleceram o ataque à liberdade de informação e de fazer negócios; e o interesse do banqueiro.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

BOLA BRANCA: PT desmoronando



PT culpa marqueteiro pela rejeição de Dilma

Aos poucos, líderes petistas começam a dizer em reservado que a campanha da presidente Dilma Rousseff agora paga por ter menosprezado o cenário eleitoral e o tamanho do desgaste do governo. Depois de uma rodada de reuniões comandada na última semana pela presidente, quem passou pelo Palácio da Alvorada saiu desanimado.

Em uma dessas conversas, Dilma falou da necessidade de acertar a articulação em estados estratégicos e reduzir os índices de rejeição apontados pelas últimas pesquisas de opinião. Mas, na linha “eu bem que avisei”, alguns petistas já falam em erro estratégico e alegam que o problema se anunciava meses atrás.

Parte deles não hesita em jogar a culpa no marqueteiro João Santana. Diz que, em maio deste ano, ele ainda demonstrava “otimismo excessivo” e chegava a falar em vitória no primeiro turno. (Poder Online)

BOLA PRETA: Para o assistencialismo em troca de votos


Pisos, tetos e bolsas

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O ESTADÃO - 28/07


Bocejo dos bocejos, a intenção de voto em Dilma Rousseff (PT) não muda desde abril. A falta de movimento e novidade aumenta a frequência de títulos que querem enxergá-los onde não existem. Dilma "cai" e "sobe" em casas decimais imaginárias. Às vezes, a notícia é explicar a ausência de notícia.

Um entediado poderia se indagar sobre o motivo pelo qual Dilma, a despeito da piora dos indicadores e das expectativas econômicas, nunca vai abaixo de 36% - na média dos institutos calculada pelo Estadão Dados. As raras pesquisas em que isso ocorreu foram pontos fora da curva, o que é tão mais esperado quão mais pesquisas são feitas. Os pontos estavam fora porque nas pesquisas seguintes ela voltou aonde estava. Vale a curva.

Por que, então, Dilma tem um piso tão acima do que tem sido, por enquanto, o teto dos seus adversários? A recente pesquisa Ibope permite testar muitas hipóteses, mas confirma poucas.

O primeiro motivo parece óbvio, mas não necessariamente é: Dilma é conhecida de praticamente todo o eleitorado. Ter mais presença na memória do eleitor do que os concorrentes é uma vantagem, porém, apenas quando se é popular. A presidente deve ter saudades de quando 20% dos eleitores achavam seu governo ruim ou péssimo. Desde abril, sua desaprovação supera 30%.

Logo, a alta taxa de reconhecimento do seu nome não explica por que o colchão de Dilma na opinião pública é tão alto e resiliente. Afunda, mas volta. Há de haver outra explicação.

E há. Mais de uma.

O Ibope perguntou ao eleitor se ele ou alguém em sua casa é beneficiário de ao menos 1 entre 16 programas federais, como Bolsa Família, Prouni, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e Farmácia Popular. Pelas respostas, um terço do eleitorado vive em domicílios onde pelo menos uma pessoa se beneficia diretamente por algum desses programas do governo. Isso, 33%.

A pergunta óbvia é "como votam esses eleitores?"

A maioria absoluta, 51%, declarou que votaria em Dilma. O dado consolidado pode ser enganador, porém. Apenas um dos programas federais faz diferença na eleição, justamente o maior e mais famoso de todos eles: entre os beneficiários do Bolsa Família a presidente chega a 58% das intenções de voto. Na média dos atendidos pelos outros 15 programas, a taxa de voto em Dilma é 38% - alta, mas igual à sua média no eleitoral total.

A interpretação enfadada desses números levaria à conclusão de que a candidata do PT só está à frente dos seus adversários na corrida eleitoral por causa do clientelismo do Bolsa Família. Infelizmente para a oposição, as coisas nunca são tão simples assim. Entre quem não ganha nada do governo federal - nem ele próprio nem ninguém de sua família - Dilma tem 32%.

E Aécio Neves (PSDB)? O principal candidato oposicionista tem uma taxa de votos muito mais alta entre os "sem programa" do que entre os beneficiários: 25%, contra 16%. Se não houvesse Bolsa Família e similares, o tucano estreitaria sua diferença em relação à presidente, mas ainda ficaria sete pontos atrás.

Dos 38% de intenção de voto em Dilma, 17 pontos percentuais vêm do dito assistencialismo federal, mas os outros 21 pontos são de eleitores que nada têm a ver com o Bolsa Família e quetais. Do mesmo modo, quase metade dos eleitores assistidos pelos programas do governo não declaram voto na presidente: 16% votam em Aécio; 7%, em Eduardo Campos (PSB); 6% nos nanicos; 12% vão anular ou votar em branco; 7% são indecisos.


Dar bolsa ao eleitor aumenta em 60% as chances do candidato ganhar seu voto, mas não o garante. O alto conhecimento de Dilma e o assistencialismo explicam apenas em parte a resiliência da intenção de voto da presidente. O resto vem de quem aprecia o Bolsa Família e similares mesmo sem recebê-los. Quem? Isso é assunto para outra entrevista com os dados.

sábado, 26 de julho de 2014

BOLA PRETA: Para a malandragem política


Mestres da ficção

EDITORIAL GAZETA DO POVO – PR - 26/07


Enquanto alguns candidatos declaram pobreza absoluta à Justiça Eleitoral, outros informam a posse de recursos que não existem

O contribuinte meticuloso, que nada tem a esconder do fisco, além de eventuais patrimônios imobiliários, veículo ou mesmo títulos de clubes, anota também até mesmo centavos que tinha depositados em conta bancária na declaração anual de bens para fins do Imposto de Renda. Supõe-se, portanto, que há algo de estranho quando contribuintes não dão conhecimento à Receita de que guardam patrimônio monetário – isto é, dinheiro – debaixo do colchão ou atrás do armário. Ou, ao contrário, confessam à Receita ter um dinheiro que de fato não possuem.

O tema vem à discussão quando se descobre – conforme reportagens que a Gazeta do Povo publicou nesta semana – que não poucos candidatos às eleições de outubro informaram à Justiça Eleitoral que dispõem de dinheiro vivo, em casa. As informações enviadas pelo candidato ao TRE se baseiam nas declarações de bens e renda que entregaram à Receita Federal no último exercício. Fossem pequenas as importâncias escondidas debaixo do colchão, nada a estranhar – mas alguns candidatos chegaram a mencionar valores em espécie de até R$ 800 mil.

No mundo atual, em que os bancos são o lugar mais seguro para guardar as economias e as casas certamente não são fortalezas invulneráveis a assaltos, não parece ser uma medida sensata mantê-las no quarto ou na sala de visitas. Mas uma declaração dada ao jornal permite levantar a suspeita de que alguns outros candidatos escondem mais do que dinheiro – escondem também uma esperteza que lhes servirá, na futura prestação de contas à Justiça Eleitoral, para burlar a lei que lhes proíbe fazer uso de “caixa dois”. Procurado pela reportagem deste jornal, um dos candidatos que revelaram ter dinheiro vivo em casa apresentou uma singela explicação: de fato, ele não tem o dinheiro; trata-se de uma ficção que servirá para justificar os gastos de campanha. Em outras palavras, ele não precisará informar à Justiça Eleitoral os nomes de quem lhe fez doações. E isso é bom para os dois lados.

Não é crime guardar dinheiro na gaveta em vez de levá-lo ao banco ou de aplicá-lo numa (não tão rentável, nos dias que correm) poupança. Não se comete também nenhum delito ao declarar a existência de valores monetários ao Imposto de Renda, desde que se comprove que a origem do dinheiro é lícita e compatível com seus ganhos. O problema está – conforme confessado por um dos entrevistados pela Gazeta – em declarar à Receita um dinheiro de ficção com propósitos indeclaráveis.

O contrário também é preocupante. Há candidatos que apresentam atestados de pobreza que dariam inveja a um São Francisco de Assis, muito embora na vida cotidiana mostrem sinais de levá-la com conforto – certamente porque, previdentes, seus bens e rendas encontram-se em nome de outras pessoas.

A quem esses candidatos pretendem enganar fazendo de suas declarações de bens peças de ficção, seja atestando uma pobreza absoluta que não vivem, seja declarando dinheiro que não têm? Se já de saída alguns postulantes a cargos públicos eleitorais recorrem a possíveis engodos contábeis, o que esperar deles no exercício do mandato? Seria o caso de pedir mais fiscalização? Mais rigor da Justiça Eleitoral? Leis ainda mais restritivas do que as que já existem? Nada disso seria totalmente eficaz, como já deixou entrever a Lei da Ficha Limpa, tida por um instante como a panaceia milagrosa que nos livraria dos maus políticos.


O meio eficaz para restaurar a ética (ou, no mínimo, a sinceridade dos candidatos) repousa talvez numa utopia: que todos sejam honestos. Mas também numa verdadeira reforma político-eleitoral que torne as campanhas menos dispendiosas e mais transparentes, de modo que o voto reproduza os valores éticos pelos quais anseia a maioria do eleitorado.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Bancos orientam clientes a não reeleger Dilma para não perderem dinheiro.


Presidente do Partido dos Trabalhadores comemora demissão de trabalhadores do Santander. É o novo PT. O PT que manda demitir.

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou na noite desta sexta-feira (25) que o banco Santander pediu desculpas pelo texto distribuído para correntistas em que descreve a reeleição da presidente Dilma Rousseff como uma ameaça à economia. Ele disse que foram feitas demissões na instituição.

"Já houve um pedido de desculpas formal enviada à Presidência. [...] A informação que deram é que estão demitindo todo o setor que foi responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão procurando uma maneira resgatar o que fizeram", disse Falcão.

O presidente do PT afirmou que o Santander informou que 40 mil pessoas receberam o texto. Ele disse que o comunicado prejudica a campanha da presidente e comparou a iniciativa a críticas de economistas em 2002 à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Já vimos esse filme no passado. Eles criaram o Lulômetro para medir como a bolsa oscilava. Agora mesmo a Bolsa sobe e desce, e deve estar beneficiando quem não está interessado no resultado eleitoral, mas em ganhar dinheiro com ação", disse o presidente do PT.


A militantes do PT do Rio, Falcão classificou o caso como "terrorismo eleitoral". Mas afirmou que aceita as desculpas do banco. "Aceito as desculpas do banco, mas isso não elide o que aconteceu. Isso é proibido. Instituições bancárias ou financeiras não podem fazer manifestações que interfiram na decisão do voto." (Folha Poder)

BOLA PRETA: Dilma continua com seus decretos mirabolantes rumo ao comunismo

O PT, o eleitor, o Congresso e o capital

REINALDO AZEVEDO
FOLHA DE SP - 25/07


Decreto da presidente Dilma chega a criar o embrião de uma Justiça paralela. É fato. Está lá

Haverá eleição presidencial em outubro. É evidente que se trata de algo muito importante, e não serei eu a subestimá-la. Se atentarem, no entanto, para a inflexão dos meus textos neste espaço, ocupo-me menos das disputas entre A, D ou C do que de alguns choques que se estabelecem em camadas mais profundas, dos quais os embates eleitorais são só uma reverberação. Candidatos me interessam muito pouco; candidaturas me interessam muito mais.

As promessas se escrevem na água com o vento, como disse o poeta sobre o amor. Os valores duram no tempo e fazem história, boa ou má. É por isso que não dou bola, reparem, para o que diz ou pensa Dilma Rousseff. Ela é só carona de um modo de entender a sociedade cuja extensão talvez ignore. Dentro ou fora do governo, Gilberto Carvalho, por exemplo, o secretário-geral da Presidência, é personagem bem mais relevante. Ele andou se referindo a mim de modo nada lisonjeiro. Ingratidão! Poucos, como eu, reconhecem a sua real estatura. Desde os tempos em que ambos trabalhávamos em Santo André...

O PT está se organizando para se livrar do eleitor, do Congresso e do capital, e Carvalho lidera a batalha. Na quarta, ele voltou a defender o decreto presidencial 8.243, que disciplina a participação dos "movimentos sociais" na administração federal. Os deputados tendem a derrubá-lo. Afirmou o ministro: "Se a Câmara e o Senado tiverem bela inteligência política, não se colocarão na contracorrente de uma exigência da sociedade. Há uma disposição de enfrentar essa guerra. Não retiraremos o decreto, vamos até o fim. Se houver derrota, quem pagará o preço são aqueles que se colocam contra essa participação".

Quem, pretendendo negociar, fala em "guerra", luta "até o fim" e "preço a pagar"? Isso revela a importância que assumiu esse instrumento na estratégia petista. Observem que Carvalho ameaça os parlamentares com a cólera do povo. Povo??? O chefão do PT fez essa declaração durante a assembleia de eleição de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional da Juventude. Você sabia da existência dessa eleição? Quem, exceto a militância, estava atento a esse calendário? Onde estão os fóruns de debates?

A suposta "democracia direta" dos conselhos e movimentos sociais é só uma forma de sobrepor os interesses de minorias organizadas aos da maioria, que se expressa por intermédio da democracia representativa. Pensem no MTST, de Guilherme Boulos: se todas as pessoas sem casa própria decidissem se submeter à sua liderança, não haveria vantagem competitiva em ser seu comandado. É a lógica elementar da exclusão, não a da inclusão, que torna operativos os ditos movimentos sociais.

Carvalho e o PT querem se livrar do povo e do Congresso, submetendo as decisões do governo federal, pouco importa quem esteja no poder, a milícias ideológicas, que são controladas, na maioria, pelo partido. O decreto da presidente Dilma --e boa parte dos colegas da imprensa insiste em ignorar seu conteúdo-- chega a criar o embrião de uma Justiça paralela. É fato. Está lá. Basta ler o troço.

Os petistas também se cansaram de recorrer ao "capital" para financiar eleições. E nós, os jornalistas, somos os inocentes úteis de sua causa sempre que nos comportamos como o Tambor, do Bambi, a gritar "Fogo na floresta!" ao noticiar a doação legal de empreiteiras e bancos a campanhas eleitorais. Até parece que o busílis está nas contribuições declaradas!

O Supremo já formou uma maioria contra a doação de empresas, uma causa do advogado "progressista" Roberto Barroso, que o ministro do STF Roberto Barroso (!?) abraçou. O passo seguinte dessa "luta!" será o financiamento público de campanha, ponto de honra da reforma que o PT quer fazer. Ah, será um sonho! Se tudo sair conforme querem Carvalho e os seus, beleza! O povo, o Congresso, a Justiça e o capital estarão no seu devido lugar: subordinados à aristocracia petista.

Só dois partidos disputam o poder no Brasil, ignoradas as diferenças de superfície, que são irrelevantes: o que se subordina à ordem democrática e o que quer subordiná-la à sua ordem. Escolha. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

BOLA PRETA: Baderneiros e criminosos pedem asilo político no Uruguai


Os nossos "presos políticos"

EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 23/07


O fenômeno do "ativismo" ora em curso no País atingiu de vez o nível do delírio. Convictos de que estão acima das leis e de que o Estado é, por definição, um ente inimigo, os chamados ativistas, também conhecidos como militantes, se dedicam dia após dia a atormentar os cidadãos comuns nas grandes cidades, sob o argumento de que a democracia lhes faculta o direito de bloquear avenidas, de depredar a propriedade alheia e de praticar outros delitos.

Quem disso discorda e defende a necessária ação da polícia e da Justiça contra a baderna e o vandalismo é logo acusado, por uma barulhenta rede de simpatizantes espalhados pelas universidades e pela internet, de advogar a "criminalização das lutas sociais". Quando finalmente o Estado decidiu agir, encarcerando vândalos que se dizem "ativistas", essa rede imediatamente reagiu, dizendo que os detidos e os indiciados são "perseguidos políticos" - uma farsa que expõe seja a má-fé, seja a confusão moral dessa turma.

O caso mais recente, envolvendo uma advogada que diz prestar assistência jurídica a manifestantes, dá a exata medida dessa tentativa cínica de desmoralização do Estado Democrático de Direito no Brasil. A advogada Eloísa Samy, acompanhada de dois adeptos da violenta tática Black Bloc, foi ao Consulado do Uruguai no Rio de Janeiro para - pasmem - pedir asilo político.

Eloísa, de 45 anos, é considerada foragida da Justiça, porque foi denunciada pelo Ministério Público do Rio por associação criminosa. Ela e outros 22 "ativistas" tiveram a prisão decretada pela 27.ª Vara Criminal do Rio. O inquérito da Polícia Civil que baseou a denúncia concluiu, conforme revelou o jornal O Globo, que os acusados planejavam atacar seus alvos com explosivos no dia 13 de julho, quando foi disputada a final da Copa do Mundo.

Em vídeo que gravou para expor sua versão, Eloísa afirma que está sendo perseguida em razão de sua "atuação na defesa do direito de manifestação". O promotor Luís Otávio Figueira Lopes afirma, no entanto, que a advogada, "escudando-se em um suposto exercício da atividade profissional", prestou "apoio logístico" aos delinquentes, "cedendo sua residência para reuniões" de preparação de atos violentos.

É bem possível que Eloísa e seus colegas acreditassem que o Uruguai fosse mesmo lhes dar asilo. Afinal, o país é governado por José Mujica, aquele presidente simpático e modernoso que defende a liberação da maconha. Ele receberia, pois, os "perseguidos políticos" de braços abertos.

A reação da diplomacia uruguaia, porém, escancarou o ridículo da situação. A cônsul-geral Myriam Fraschini Chalar informou aos solicitantes que o Brasil "é um autêntico Estado Democrático de Direito", razão pela qual não há perseguidos políticos no País nem motivo para conceder asilo. A deputada Janira Rocha, do PSOL, que foi ao consulado para dar apoio aos "ativistas", disse à diplomata uruguaia que "o problema não é o Brasil, o problema é o Estado do Rio, que está agindo como um verdadeiro estado de exceção". Pela lógica desse pessoal, até um condômino pode pedir asilo político ao Uruguai se acreditar que está sendo perseguido pelo síndico do prédio.

A patetice, no entanto, não deve servir de pretexto para que os tais "ativistas" sejam tratados com a candura dispensada aos inimputáveis. É o caso de enfatizar que, no inquérito policial sobre os black blocs, Elisa Quadros, vulgo "Sininho", considerada a líder do bando, é acusada de incitar seus companheiros a atear fogo à Câmara Municipal do Rio durante protesto no ano passado - o ato só não se consumou porque militantes mais ajuizados impediram. É o caso também de relembrar que a ação desses delinquentes já produziu um morto, o cinegrafista Santiago Andrade. Eles não estão para brincadeira.


Resta agora às autoridades investigar com rigor as possíveis ligações desses "ativistas" com sindicatos e partidos políticos radicais. Há cada vez mais indícios de que os militantes vândalos podem estar atuando como uma espécie de "braço armado" de organizações que se constituíram graças à democracia, mas que não têm nenhum apreço por ela.

terça-feira, 22 de julho de 2014

BOLA PRETA: Governo federal, completamente perdido e desorientado, volta atras. Volta a valer os 300 dolares.

Governo Federal, perdido, acaba de anunciar que está voltando atras e mantem os 300 dólares na cota de isenção para compras nos países da fronteira.

BOLA PRETA: Redução de cota de isenção

VIAJANTES: Governo reduz cota de isenção de 300 para 150 dolares.

Foi publicado na segunda-feira (21), no Diário Oficial da União, seção 1, página 25, Portaria do Ministro da Fazenda nº 307, de 17 de julho de 2014, a redução da cota de isenção para viajantes que ingressam no país via terrestre, fluvial ou lacustre de US$ 300 para US$ 150.

Sendo assim, os compradores ou turistas que podiam entrar no Brasil com produtos adquiridos no Paraguai, Uruguai ou em outros países em até 300 dólares (em media 700 reais), a partir de agora não podem ultrapassar o limite de 150 dólares (ou 350 reais).

Caso o valor ultrapasse o limite, o turista deverá pagar 50% do valor excedente, ou seja, em uma compra que o valor chegou em R$ 400,00 o turista deverá pagar de impostos R$ 25,00 (metade do que ultrapassou a cota, os 50 reais).

Isso equivale apenas aos produtos que são permitidos adentrar no Brasil, os demais continuam sendo apreendidos.
Para os turistas que voltam ao Brasil de avião, a cota de isenção continua sendo de 500 dólares.

A mesma portaria prevê que a cota de isenção será de 300 dólares para os futuros freeshops que serão abertos no lado brasileiro. Porém, não há previsão de quando eles serão abertos.


BOLA BRANCA: Para a prisão de baderneiros em manifestações

A prisão dos manifestantes
EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 22/07

Causa perplexidade o empenho de parlamentares e lideranças partidárias para desqualificar o trabalho da polícia, do Ministério Público e da Justiça do Rio de Janeiro, que culminou na ordem de prisão para 23 manifestantes envolvidos em protestos violentos no país. Não se trata de intimidação a movimentos sociais, como alegam os defensores dos ativistas, mas sim de uma resposta do Estado a delinquentes, compatível com o Estado Democrático de Direito e com o clamor da sociedade por punição a pessoas que agridem, depredam e se organizam para praticar crimes.

Foi, sem dúvida, uma atitude preventiva da Justiça a prisão _ na véspera da decisão da Copa do Mundo _ de suspeitos de envolvimento em atos de vandalismo, especialmente de lideranças que planejavam novas ações violentas, conforme revelam as conversas telefônicas gravadas com autorização judicial. Claro que a decisão da Justiça não está livre de questionamentos. Numa democracia, há sempre espaço para que vozes discordantes saiam em defesa de acusados. O inadmissível é que muitas delas se empenhem agora não em apontar argumentos consistentes de defesa, mas em desqualificar a decisão judicial, que está fundamentada em fatos objetivos.

Na denúncia apresentada ao Judiciário contra 23 ativistas, o Ministério Público revela que um dos propósitos do grupo era incendiar a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Classificados como quadrilha, os manifestantes teriam praticado, entre outros crimes, os de associação criminosa, destruição de ônibus e de agências bancárias até a morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes. E teria havido até mesmo a intenção de marcar o final do Mundial com o chamado de Junho Negro, o que determinou a decretação das prisões preventivas.

Por mais que até mesmo parlamentares tentem alegar defesa da livre manifestação, não há como ignorar fatos concretos do relatório da Polícia Civil. O grupo dispunha não só de uma hierarquia rígida como também de comissões responsáveis pela confecção e distribuição de bombas e coquetéis molotov, além do planejamento de ataques.

Os brasileiros, em sua maioria, entenderam e se solidarizaram com o recado das manifestações de rua intensificadas a partir de junho do ano passado. Diante dos desvios dos objetivos iniciais, porém, é impositivo que agora se defenda o império da lei, para que a Justiça se mantenha livre de pressões ideológicas, venham de onde vierem. Por isso, as prisões representam, acima de tudo, uma resposta ao Estado e da sociedade organizada aos excessos praticados por manifestantes que transformaram a violência num instrumento para alcançar seus objetivos.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

BOLA BRANCA: O Blog da Bola Preta acertou. Amanhã Dunga será anunciado como técnico da Seleção


Dia 18, sexta feira, este blog indicou que poderia ser o Dunga o novo técnico da seleção e acertou. Clique e veja o post que publicamos sexta. Leia o nosso acerto aqui.

Desejamos muito sucesso ao Dunga e a nossa seleção. Capacidade e competência ele tem para reformular e melhorar o que restou do futebol brasileiro.

BOLA PRETA: Para Dilma que investe em Cuba e não no Brasil

Copio abaixo o post do Blog Coturno Noturno.
Dilma injetou U$ 150 milhões para remodelar os aeroportos de Cuba. Empréstimo está sob segredo de estado. Foi manchete no Diário de Cuba, mas não mereceu nem nota na Folha de São Paulo.

                              
Em vez de construir um dos 800 aeroportos regionais que prometeu em 2012, Dilma Rousseff mandou o dinheiro para remodelar e reformar os aeroportos cubanos. Uma espécie de "Mais Aeroportos" cubano. A notícia foi comemorada pelos jornais da ilha-prisão. Aqui no Brasil, a Folha de São Paulo prefere montar dossiês contra a oposição, mas não investiga estes empréstimos que ninguém sabe em que condições se deram, já que Fernando Pimentel, o petista que é candidato ao governo de Minas, colocou as operações sobre segredo de estado, por ordem da presidência da República. É hora da Oposição colocar o dedo na moleira deste governo corrupto.  

                         

domingo, 20 de julho de 2014

Bola preta: Pior desempenho da economia brasileira

Dilma e a economia

SUELY CALDAS
O ESTADO DE S.PAULO - 20/07


Na última semana pesquisas diversas constataram: o desempenho da economia piorou e vai piorar mais, caem os índices de avaliação do governo e de intenção de votos na presidente Dilma e cresce sua rejeição entre os eleitores, alcançando 35%, a taxa mais alta entre todos os candidatos. Cenário áspero, cada dia mais difícil para uma disputa eleitoral que há seis meses dava como certo um segundo mandato para a petista.

Desde o primeiro ano, 2011, a fragilidade do governo Dilma tem sido desordenadamente construída pelo vazio de um projeto para o País e por uma sucessão de erros na gestão econômica, que têm nas medíocres taxas de crescimento do PIB a inescapável resposta. Entre 2011 e 2013, a taxa média do PIB foi de 1,97% e, se conseguir alcançar 1% em 2014 (há apostas abaixo disso), Dilma terminará seu mandato com 1,7% - o terceiro pior desempenho econômico da história do País, depois dos presidentes Collor (-1,3%) e Floriano Peixoto (-7,5%).

Diferentemente de seu antecessor e padrinho: em oito anos de Lula, a expansão média do PIB ficou em 4%. Em 2010 a taxa subiu para 7,5% e ajudou (muito) a eleger Dilma. A situação agora se inverte e ela não consegue ajudar a si própria. É certo que Lula contou com a sorte de uma economia mundial próspera em seu primeiro mandato. E, no segundo, o País abalado com a crise financeira do mundo rico, Lula usou de artifícios para acelerar a economia e vencer a eleição em 2010, fez a sucessora, mas lhe entregou uma herança pesada que ela não soube desfazer e até aprofundou. Exemplo: o represamento de tarifas públicas e a preocupante situação financeira da Petrobrás.

Pesquisas recentes (retração de 0,18% na economia, medida pelo Banco Central, o BC; estagnação das vendas do comércio e serviços; desaceleração na geração de empregos) e outras antigas e renitentes (inflação colada no teto da meta; juros nas alturas; queda da produção industrial) não são surpresa para o governo Dilma. Elas têm sido captadas pelo Banco Central, para monitorar suas ações e decisões, e explicitadas em cada relatório trimestral da inflação que a diretoria do banco apresenta ao Senado. No último deles, no fim de junho, o BC manifestou preocupação com o baixo crescimento de todos os setores da economia e previu: em 2014 a agricultura vai despencar de 7% para 2,8%, a indústria retrocede 0,4% e serviços crescem só 2%. Depois das últimas pesquisas, certamente o BC está refazendo essas projeções.

Portanto, surpresa não é. Mas, a cada pesquisa de maus resultados, a equipe da presidente Dilma reage como avestruz: viu antes, mas finge que não viu, surpreende-se e descreve um mundo cor-de-rosa (e desacreditado) para o futuro, garantindo que o quadro será revertido nos meses seguintes. Na arte da ilusão o ministro Guido Mantega é campeão, mas a última foi do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT): ao divulgar que a geração de 25,4 mil empregos em junho foi a pior desde 1998, ele reagiu: "Nos próximos meses vai expandir mais porque a presidente vai anunciar medidas de estímulo para as pequenas e médias empresas".

E tem sido assim. Se o emprego vai mal, se a indústria se retrai, se o consumo recua, o governo corre para tapar buracos. Desde 2006, quando Dilma venceu a disputa pelo comando da economia com o ex-ministro Palocci e a ordem passou a ser gastar mais, imediatamente surgiu a operação "tapa-buraco" em rodovias. Não se pensou em construir novas e carentes estradas, mas em queimar dinheiro cobrindo buracos nas existentes, que as chuvas e o desgaste do asfalto tratam de refazer.


A "mãe do PAC" fez um plano para o País acelerar o crescimento no presente e vencer disputas eleitorais, mas não se preocupou em desenhar estratégias e construir projetos para o futuro. E assim tem sido nestes quatro anos. Junte-se aí uma sucessão de erros de gestão (o represamento de tarifas de combustíveis e energia elétrica e os truques e mágicas nas contas públicas são os mais graves), e Dilma Rousseff colhe agora a descrença de quem pretende e tem potencial para investir, mas acaba adiando investimentos. E o mau desempenho da economia reflete isso.

sábado, 19 de julho de 2014

BOLA BRANCA: A campanha eleitoral começando a ficar boa

Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que a Copa e o vexame da Seleção Brasileira não tiveram influência na sucessão presidencial e revela empate entre Dilma e Aécio em provável segundo turno.




A pesquisa realizada com dois mil eleitores também mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem boas razões ao insistir em convocar o PT para tentar ganhar a eleição ainda no primeiro turno. Segundo o levantamento ISTOÉ/Sensus, a presidenta Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), os dois líderes na disputa presidencial, estariam tecnicamente empatados caso disputassem hoje o segundo turno. Nessa situação, de acordo com a pesquisa, Dilma teria 36,3% dos votos e Aécio, 36,2%. É a primeira vez que os dois principais candidatos aparecem empatados em um possível segundo turno. Em abril, a diferença a favor de Dilma era de 6,7% e, em junho, de 5,1%. Também com relação ao socialista Eduardo Campos, a diferença a favor da presidenta em um suposto segundo turno vem caindo. Era 14,3% em abril, passou para 10,6% em junho e agora está em 7,8%. “Esse é o resultado mais visível da rejeição que sofre a presidenta e seu partido”, diz um dos líderes da campanha de Campos em São Paulo. “Quando os programas de tevê começarem, a tendência é a de que a presidenta também comece a cair já no primeiro turno.” Hoje, segundo a pesquisa ISTOÉ/Sensus, 42,4% dos eleitores rejeitam a possibilidade de votar na presidenta. “É natural que o candidato mais conhecido tenha também mais rejeição, mas não conheço casos de candidaturas que tenham obtido sucesso com mais de 40% de rejeição”, afirma Guedes. Se a eleição fosse hoje, segundo a pesquisa, haveria segundo turno. Dilma teria 31,6% dos votos e seus adversários somariam 32,4%.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Pode ser o Dunga?

O Técnico da Seleção pode ser o Dunga?

BOLA PRETA: Lula, o covarde, com medo das vaias, sumiu

Lula, Boulos e as fantasias burguesas

REINALDO AZEVEDO
FOLHA DE SP - 18/07


O MTST resgata certa pureza e certa crueza proudhonianas, distantes do legalismo petista

O MTST, os ditos "trabalhadores sem teto", está descontente com os serviços de telefonia. Na quarta, seus militantes protestaram na Anatel e nas respectivas sedes da TIM, Claro e Oi. Não deu tempo de ir à da Vivo. A turma agencia também essa causa. Um comunicado parece inaugurar a fase holístico-roqueira do socialismo: "Se acham que a gente vai se contentar só com nossa casa, estão enganados. Queremos moradia, transporte público de qualidade, telefonia e internet, e a gente não aceita pagar caro, não". É o "aggiornamento" dos Titãs --"A gente não quer só iPhone..."-- e o embrião de um novo partido.

Guilherme Boulos, um dos comandantes do MTST e colunista desta Folha, traz consigo o charme irresistível da renúncia. Oriundo da classe média-alta, com formação intelectual, prefere dedicar-se à categoria dos "Sem" --até dos "Sem-Sinal" de telefonia. Lembro-me do fascínio que tive ao ler, aos 15 anos, "Minha Vida", a autobiografia de Trótski. Largou as benesses do pai abastado para morar no quintal do jardineiro Shvigovski, o revolucionário "do pomar". Um encanto!

A coisa meio chata para mim é que eu lia o livro com um fio de lâmpada sobre a cabeça, na cozinha de modestíssimos dois cômodos, à beira de um córrego fétido. Não demorei a entender que certa renúncia é um privilégio de classe, não uma superioridade moral. Dispensar a riqueza abre a vereda para a terra da santidade. A trajetória contrária é coisa de um parvenu. Muita gente com dificuldades de acreditar em Deus crê nos profetas.

Não falo de Boulos, mas do que ele representaria: o anunciador de uma nova era, quem sabe uma Idade de Ouro da real igualdade, uma espécie de celebração do encontro de Virgílio com Marx. "Ecce homo." Lula sempre constrangeu as esquerdas com suas grosserias. Em 1979, por exemplo, concedeu uma entrevista à revista "Playboy" (is.gd/g948iR) em que barbarizou.

Confessou, de modo oblíquo, que sua iniciação sexual se dera com animais. Pegava as viuvinhas que iam ao sindicato resolver problemas relacionados à Previdência. Conhecia o sogro de Marisa, sua atual mulher --então viúva--, e pensava: "Ainda vou papar a nora desse velho". Filosofou: "O problema de mulher é você conseguir pegar na mão. Pegou na mão"¦". Admirava pessoas "que estiveram ao lado dos menos favorecidos". Entre os mortos, Tiradentes, Gandhi, Che Guevara, Mao Tse-tung e Hitler ("mesmo errado" --ufa!!!). Entre os então vivos, Khomeini e Fidel Castro. Mas a semente estava lá. Pensou alto: "É preciso fazer alguma coisa para ganhar mais adeptos, não se preocupar com a minoria descontente, mas se importar com a maioria dos contentes". Poderia ser a divisa de um fascismo. Deu no petismo.

Poucos, ou ninguém, teriam sobrevivido àquela entrevista. As circunstâncias históricas --primeiro ano da "ditadura esculhambada", de Figueiredo-- o salvaram. Era a suposta realização de um projeto acalentado por parte da esquerda: o "intelectual orgânico" da classe operária, que não mais distinguia o pensar do fazer. Em 1982, candidato ao governo de São Paulo, foi inquirido por Rogê Ferreira, do PDT: "Você é socialista, comunista ou trabalhista?". Lula mandou ver: "Sou torneiro mecânico". Marilena Chaui aplaudiu como se fosse Spinoza. Ela encontrava, finalmente, a "nervura do real".

Mas Lula também já é um parvenu. Há quem não goste dele não por aquilo que pensa, mas por ter traído supostos emblemas de sua "classe natural". O MTST, atuando como partido, resgata, por intermédio de sua principal liderança, certa pureza e certa crueza proudhonianas, distantes do legalismo petista. Ao movimento, tudo é permitido --violar leis ou furar a fila das pessoas que aguardam, pacificamente, por uma casa. Se preciso, a turma cerca o Poder Legislativo e sobrepõe a vontade de uns poucos milhares aos votos de muitos milhões. É a "democracia direta" reduzindo o grupo decisório para ganhar eficiência, compreendem?


Lula foi a encarnação do delírio das esquerdas à espera do "intelectual orgânico" da classe operária. Mas ele se aburguesou sem nunca ter buscado a altitude das ideias. Boulos, não! Ele nos devolve ao refinado Iluminismo francês. Os seus sem-teto são os "sans-cullotes" das fantasias jacobinas --que são, desde sempre, fantasias... burguesas!