domingo, 31 de agosto de 2014

BOLA PRETA: O PT e a Dilma estragaram o Brasil.

A derrota de Dilma

ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 31/08


 Ganhe ou perca a reeleição, Dilma Rousseff não escapa mais de uma derrota no seu primeiro mandato: na economia. Não foi por falta de aviso. Até Lula alertou.

Enquanto Dilma usa a propaganda de TV, debates e entrevistas para falar de programas pontuais, como o Pronatec, que qualquer gerente faz, a economia brasileira continua dando uma notícia ruim atrás da outra.

O desafio da oposição não é bater na tecla de PIB, controle fiscal e contas externas (a maioria das pessoas nem sabe o que é isso), mas ensinar que não se trata só de números nem atinge só o "mercado" e a "elite". Afeta o desenvolvimento, a indústria, os investimentos, a competitividade e, portanto, a vida de todo mundo e o futuro do Brasil.

O super Guido Mantega, que sempre prevê PIBs estratosféricos e acaba se esborrachando com os resultados, conseguiu adicionar uma pitada de ridículo nas novas notícias ruins. Na quinta (28), ele disse que os adversários de Dilma levariam o país "à recessão". Na sexta (29), o governo anunciou que o risco já chegou: o recuo da atividade econômica pelo segundo trimestre consecutivo caracteriza... "recessão técnica". Ou "herança maldita", segundo Aécio. Não há Pronatec que dê jeito...

Para piorar as coisas, vamos ao resultado fiscal anunciado na mesma sexta: o governo federal (Tesouro, BC e INSS) teve o maior rombo do mês de julho desde 1997. A presidente candidata anda gastando muito.

Passado o trauma da morte de Eduardo Campos e assimilada a chegada triunfal de Marina Silva, a economia retoma o centro do debate eleitoral. Não há uma crise, mas há má gestão. Como Campos dizia, Dilma é "a primeira presidente a entregar o país pior do que encontrou".


Dilma e Mantega culpam o cenário internacional. Marina, rumo à vitória, e Aécio dizem que não é bem assim e apontam quem vai arranhar o joelho, cortar o cotovelo e talvez machucar a cabeça se a economia for ladeira abaixo. O eleitor, claro.

sábado, 30 de agosto de 2014

BOLA BRANCA: Esta acabando a era PT, finalmente.

Pânico na elite vermelha

GUILHERME FIUZA
O GLOBO - 30/08

Armínio Fraga foi o comandante da etapa de consolidação do Plano Real — a última coisa séria feita no Brasil


Pela primeira vez em 12 anos, os companheiros avistam a possibilidade real de ter que largar o osso. Nem a obra-prima do mensalão às vésperas da eleição de 2006 chegara a ameaçar a hegemonia dos coitados sobre a elite branca. A um mês da votação, surgem as pesquisas indicando que o PT não é mais o favorito a continuar encastelado no Planalto. Desespero total.

Pode-se imaginar o movimento fervilhante nas centrais de dossiês aloprados. Há de surgir na Wikipédia o passado tenebroso dos adversários de Dilma Rousseff. Logo descobriremos que foram eles que sumiram com Amarildo, que depenaram a Petrobras, que treinaram a seleção contra os alemães. É questão de vida ou morte: como se sabe, a elite vermelha terá sérias dificuldades de sobrevivência se tiver que trabalhar. Vão “fazer o diabo”, como disse a presidente, para ganhar a eleição e não perder a gerência da boca.

O Brasil acaba de assistir à queda de um avião sobre o castelo eleitoral do PT. Questionada sobre as investigações acerca da situação legal da aeronave que caiu, Dilma respondeu que não está “acompanhando isso”, e que o assunto não é do seu “profundo interesse”. Altamente coerente. Se a presidente e seu padrinho não “acompanharam” as tragédias no governo popular — mensalão, Rosemary e grande elenco — não haveria por que terem “profundo interesse” numa tragédia que veio de fora. Eles sempre fingiram que estava tudo bem e o povo acreditou, não há por que acusar o golpe agora. Avião? Que avião?

Melhor continuar arremessando gaivotas de papel, para distrair o público. Até o ministro decorativo da Fazenda foi chamado para atirar a sua. Guido Mantega, como Dilma e toda a tropa, é militante de Lula. O filho do Brasil ordena, eles disparam. Mantega já chegou a apresentar um gráfico amestrado relacionando o PAC com o PIB — um estelionato intelectual que o Brasil, como sempre, engoliu. Agora o homem forte (?) da economia companheira entra na campanha para dizer que Armínio Fraga desrespeitou as metas de inflação. Uma gaivota pornográfica.

Para encurtar a conversa, bastaria dizer que Armínio Fraga foi um dos homens que construíram aquilo que Mantega e seu bando há anos tentam destruir. Inclusive a meta de inflação. Armínio foi o comandante da etapa de consolidação do Plano Real — última coisa séria feita no Brasil — enfrentando o efeito devastador da crise da Rússia, que teria reduzido a economia nacional a pó se ela estivesse nas mãos de um desses bravateiros com estrelinha. Mantega e padrinhos associados devem a Armínio Fraga e aos realizadores do Plano Real a vida mansa que levaram nos últimos 12 anos. E deve ser mesmo angustiante desconfiar pela primeira vez que essa moleza vai acabar.

Se debate eleitoral tivesse alguma ligação com a realidade, bastaria convidar os companheiros a citar uma medida de sua autoria que tenha ajudado a estruturar a economia brasileira. Uma única. Mas não adianta, porque, como o eleitorado viaja na maionese, basta aos petistas dizer — como passaram a última década dizendo — que eles livraram o Brasil da inflação de Fernando Henrique. A própria Dilma foi eleita em 2010 com esse humor negro, e jamais caiu no ridículo por isso. Com a fraude devidamente avalizada pelo distinto público, Guido Mantega pode se comparar a Armínio Fraga e entrar em casa sem ter que esconder o rosto.

Em meio às propostas ornamentais, aliás, Armínio é o dado concreto da corrida presidencial até aqui. Nada de poesia, de “nova política”, de arautos da “mudança” — conceito tão específico quanto “felicidade”, que enche os olhos da Primavera Burra e dos depredadores do bem. Armínio não é terceira, quarta ou quinta via, nem a mediatriz mágica entre o passado e o futuro. É um economista testado e aprovado no front governamental, que não ficará no Ministério da Fazenda transformando panfleto em gaivota.

O PSDB, como os outros partidos, adora vender contos de fadas. Mas seu candidato, Aécio Neves, resolveu anunciar previamente o seu principal ministro. Eis a sutil diferença entre o compromisso e a conversa fiada.

Marina Silva também é uma boa notícia. Só o fato de ser uma pessoa íntegra já oferece um contraponto valioso à picaretagem travestida de bondade. Nunca é tarde para o feminismo curar a ressaca dos últimos quatro anos. O que seria um governo Marina, porém, nem ela sabe. Se cumprir a promessa de Eduardo Campos e empurrar o PMDB S.A. para a oposição, que grande partido comporia a sua sustentação política? Olhe em volta e constate, com arrepios, a hipótese mais provável: ele mesmo, o PT — prontinho para a mudança, com frete e tudo.

Marina vem do PT e está no PSB, cujo ideário é de arrepiar o maior sonho cubano de José Dirceu. E tentar governar acima dos partidos foi o que Collor fez. Que forças, afinal, afiançariam as virtudes de Marina?

A elite vermelha está pronta para se esverdear.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

BOLA BRANCA: Pesquisa, publicada hoje pelo Datafolha, mostra que PT não se reelegerá.


Marina, mostra a sua cara

LUIZ FERNANDO VIANNA
FOLHA DE SP - 29/08

Não se espera nem se deseja que Marina Silva desfaça o coque, mas está na hora de ela mostrar a cara.

Na última eleição presidencial, sabia-se que não disputava para vencer. Queria tornar mais conhecida sua bela história de vida e ganhar musculatura para 2014.

Assim, no papel de criança a quem tudo se permite, teve a complacência de intelectuais, artistas, políticos de esquerda.

Parecendo incomodados em confrontar um Chico Mendes de saias compridas, jogaram para baixo do tapete causas que devem, no mínimo, ser debatidas por quem ainda sonha com a chegada do Brasil ao século 21.

Marina é contra o direito das mulheres ao aborto? Ah, tudo bem. Não apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Não tem problema. Não quer falar sobre legalização da maconha? Deixa quieta. É contra a pesquisa com células-tronco? O tema é complicado mesmo.

No Rio de Janeiro, sempre seduzido por novidades, ficou com 31,52% dos votos. No país todo, 19,33%, um capital de 19.636.359 votos.

Pela via trágica, ressurgiu candidata há menos de um mês e já se encontra, diz a imprensa, à beira do favoritismo. Portanto, deve ser tratada como gente grande.

Está num partido do qual não gosta e que não gosta dela. Voluntarista, indica que, estando em linha direta com Deus e com os eleitores, poderá esnobar o balcão de negócios que é a política brasileira.

Verde de raiz, tem como vice um militante do agronegócio. De passado inequivocamente democrata, não tolera o contraditório, como mostrou nas respostas impacientes ao "Jornal Nacional". Fala em mudanças, mas não transige em posições que reforçam o pior conservadorismo, aquele que quer controlar a mais privada das esferas, que é o uso do próprio corpo.


Marina e seus eleitores precisam sair das sombras.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

BOLA PRETA: O FANTASMA DO PREFEITO DO PT CELSO DANIEL, MORTO EM 2002, VOLTA A ASSOMBRAR OS COMPANHEIROS, A PARTIR DE DESCOBERTA DA POLÍCIA FEDERAL.


Fantasma de Celso Daniel assombra companheiros

José Nêumanne
O Estado de São Paulo – 27 de agosto

Quem poderia imaginar que na quarta campanha presidencial posterior ao aparecimento do cadáver do prefeito de Santo André licenciado para coordenar o programa de governo da candidatura vitoriosa de Luiz Inácio da Silva, do PT, o fantasma de Celso Daniel deixaria o limbo para assombrar seus companheiros? E, pelo visto, o espírito vindo do além não se limitou a puxar o dedão do pé de uns e outros em sono solto, mas deixou-os a descoberto em pleno inverno. Para sorte deles, este inverno não tem sido tão gélido assim. Mas a alma é fria que só. E como é!

Sábado, em reportagem assinada por Andreza Matais, de Brasília, e Fausto Macedo, este jornal noticiou que a Polícia Federal (PF) apreendeu no escritório da contadora Meire Poza, que prestou serviços ao famigerado doleiro Alberto Youssef, contrato de empréstimo de R$ 6 milhões. O documento, assinado em outubro de 2004, reconhece dívida de tal valor, a ser paga em prestações em 2004 e 2005 pelas empresas Expresso Nova Santo André e Remar Agenciamento e Assessoria à credora, a 2S Participações Ltda. A primeira pertence a Ronan Maria Pinto, empresário do ABC e personagem do sequestro e morte de Celso Daniel, cujo cadáver foi encontrado no mato em Itapecerica da Serra em janeiro de 2002. A 2S pertencia ao publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato e evasão de divisas a pena de 37 anos, quatro meses e seis dias e multa de R$ 3,062 milhões.

O elo encontrado pelos federais entre o assassinato do principal assessor de Lula na campanha presidencial de 2002, o escândalo de corrupção do mensalão e as denúncias apuradas na Operação Lava Jato, protagonizadas pelo doleiro acusado de lavar R$ 10 bilhões de dinheiro sujo, estava numa pasta identificada como "Enivaldo" e "Confidencial". A PF supõe que este seja Enivaldo Quadrado, condenado no mensalão.

A investigação em que o juiz federal Sérgio Moro encontrou provas suficientes para mandar prender o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que substituiu Sérgio Gabrielli na presidência da empresa 24 vezes, apurou que a corretora Bônus Banval não era de Enivaldo Quadrado, mas, sim, de Alberto Youssef. Costa, que o ex-presidente Lula, conforme testemunhos citados no noticiário do escândalo chamava de Paulinho e teria oferecido ajuda nas investigações em troca de alívio na pena (pelo visto, ele conta até com a eventual liberdade), tem sido motivo de aflição de gente poderosa na República, temendo que suas revelações cheguem a comprometer a realização das eleições gerais de outubro.

O que já se sabe sem sua ajuda é grave. E a entrada em cena do espectro de Celso Daniel - que não é Hamlet, mas já expôs parte considerável da podridão que reina nestes tristes trópicos -, se não alterar o calendário eleitoral, abalará significativamente a imagem de vários figurões que disputam o posto mais poderoso de nossa velha e combalida República.

Em depoimento ao Ministério Público (MP) em dezembro de 2012, também revelado pelo Estado, Valério, chamado pejorativamente de "carequinha" pelo delator Roberto Jefferson, seu colega no banco dos réus do mensalão, contou que dirigentes do PT lhe pediram R$ 6 milhões a serem destinados ao empresário Ronan Maria Pinto. Conforme o depoente, o dinheiro serviria para calar Ronan, que estaria chantageando Lula, o secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Gilberto Carvalho, conforme se há de lembrar quem ainda não perdeu a memória, tinha sido secretário de Celso Daniel e foi acusado pelos irmãos deste de transportar malas com as propinas cobradas de empresários de ônibus em Santo André para Dirceu, à época presidente do PT.

De acordo com a reportagem do Estado no sábado, há 20 meses "o PT não se manifestou oficialmente, mas dirigentes declararam que ele não merecia crédito". Com a descoberta do documento, contudo, parte da versão de Valério - a que se refere à "dívida", embora não se possa afirmar o mesmo em relação ao motivo desta - deve ter passado a merecer crédito, se não do PT, ao menos da PF. Crédito similar, por exemplo, ao dado pelo partido no poder federal ao chamado "operador do mensalão" quando o mineirinho emergiu como o gênio do esquema de distribuição de dinheiro, que o relator do processo no STF, Joaquim Barbosa, desvendou de maneira lógica e implacável.

O documento assinado por Valério nos papéis da contadora do doleiro acaba com qualquer dúvida, se é que alguém isento e de boa-fé possa ter tido alguma, de que nada há a imputar de político ou fictício à condenação de Dirceu, Valério, José Genoíno e outros petistas de escol a viverem parte de sua vida no presídio da Papuda, em Brasília. Isso bastaria para lhe garantir a condição de histórico no combate à corrupção. Mais valor terá se inspirar o MP estadual a exigir da Polícia Civil paulista uma investigação mais atenta e competente sobre a morte de Daniel.

Ao expor a conexão entre o assassinato do prefeito, a compra de apoio ao governo Lula e a roubalheira desavergonhada na Petrobrás, a dívida contraída por Ronan põe em xeque todos quantos, entre os quais ministros do Supremo, retiraram a "formação de quadrilha" da lista de crimes cometidos por vários réus do mensalão. Negar a prática continuada por mais de dez anos de um delito em bando formado pelos mesmos personagens conotaria cinismo e até cumplicidade.

A delação de Paulo Roberto merecerá um prêmio, sim, se ele for capaz de informar quem são os verdadeiros chefões nos três delitos. Acreditar que possam ser um menor da favela, um publicitário obscuro e um doleiro emergente seria como nomear Papai Noel ministro dos Transportes. Do site do Estadão.

José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Mudou o panorama politico no Brasil. Até quando?

Após pesquisas do IBOPE, divulgada ontem, PT fala pela primeira vez em derrota.

Dilma tem 34%, Marina, 29%, e Aécio, 19%, aponta pesquisa Ibope
Em simulação de segundo turno, Marina tem 45% e Dilma, 36%.

Instituto ouviu 2.506 eleitores entre os últimos sábado e segunda-feira.

BOLA BRANCA: Sem dúvida, cada candidato para merecer o voto tem de tomar posições claras.

MARINA E DILMA SÃO BRAÇOS DO MESMO CORPO
por Percival Puggina. Artigo publicado em 25.08.2014


 Como cidadão que acompanha o movimento na esquina desta eleição, permitam-me enviar um conselho ao candidato Aécio Neves. Meu caro Aécio, ou você faz como era usual na minha Santana do Livramento dos anos 50 e dá um risco com o pé no chão, estabelecendo os limites do seu campo político, definindo qual é o seu lado e o que ele significa, ou vai beber água suja nessa eleição. O senhor enfrenta neste pleito duas adversárias com posições radicais e elas não podem ser enfrentadas com luvas de pelica e punhos de renda, como já disse alguém.

O programa de governo assumido por dona Marina Silva tratou de deixar claro que também é favorável à ideia contida no "decreto dos sovietes", ou seja, que irá amarrar as decisões políticas e a gestão pública aos pareceres dos movimentos sociais. Alguns se surpreenderam com isso. No entanto, a candidata do PSB entrou na disputa riscando o chão, explicitando o seu quadrado. E por isso, crescendo. O PSDB de Aécio Neves tem, no próprio programa que é favorável ao parlamentarismo, muito mais a dizer sobre mudanças institucionais. Tem muito maior contribuição a oferecer para sustar a marcha da democracia brasileira para os braços de um projeto totalitário.

Ao assumir compromisso programático com os conselhos populares, assim como ao negar contato com o PSDB em São Paulo, Marina Silva deixa claro que ela e Dilma têm um inimigo comum. Ou seja, têm um inimigo que está acima das atuais diferenças de projeto político. Por quê? Porque ambas vão na mesma direção. Ou esquecemos o jogo pesado de Dilma para implantar o seu projeto de Código Florestal? O verde de Marina e de Dilma é vermelho por dentro.

A democracia popular, que está na base filosófica do projeto dos sovietes, se distingue da "democracia burguesa" ou liberal, deu nome a várias repúblicas comunistas da Ásia e do Leste Europeu antes do desfazimento da URSS. A partir da observação histórica, democracia popular sempre equivaleu a "ditadura do proletariado". E ditadura do proletariado sempre foi pura e refinada ditadura das elites partidárias.


Não há, portanto, ilusões com as quais nos iludirmos. Marina e Dilma são galhos da mesma árvore, braços do mesmo corpo político. E se Aécio Neves persistir na conversa mole do melhorar o que está bem, ainda que acresça um "mudar o que está mal", verá o imenso contingente de eleitores liberais e conservadores bandearem-se em desalento para um dentre dois males. Se é que isso já não aconteceu.

BOLA PRETA: Lula o enganador. Até quando?


terça-feira, 26 de agosto de 2014

BOLA PRETA: Para qualquer tipo de invasão

Invasão de danos

EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 26/08


Como se resolver o problema do deficit habitacional já não fosse tarefa complexa, invasões orquestradas por movimentos de sem-teto em empreendimentos populares inacabados adicionam à equação dificuldades nada desprezíveis --e não apenas para as autoridades.

Também a população que vive em áreas de risco ou espera há anos por sua residência se vê prejudicada por intervenções de grupos que, à margem da lei, decidem se apossar de conjuntos habitacionais construídos com recursos públicos.

Reportagem desta Folha mostra que, na cidade de São Paulo, 1.427 famílias de baixa renda continuam à espera de moradias do programa federal Minha Casa Minha Vida devido a danos causados por invasores.

Não satisfeitos em ocupar ilegalmente unidades quase prontas, que dependiam apenas de ligações de água e de esgoto para serem entregues, os sem-teto depredaram e incendiaram instalações de oito condomínios quando a polícia comandou uma ação de reintegração de posse.

O vandalismo tornou necessário reformar os empreendimentos. Assim, não se sabe quando as unidades, em construção desde 2010, serão oferecidas às famílias. Agrava-se, pois, a situação de quem hoje vivem em condições precárias.

É o caso, por exemplo, do mecânico Thiago do Nascimento Silva, 24, que mora com a mulher e a filha de três anos no Jardim Pantanal, bairro da zona leste frequentemente sujeito a alagamentos.

"Até hoje espero minha casa e quase não tenho mais esperança. Perdi meu carro na última enchente e tenho medo de a minha filha ficar doente", lamenta Silva.

Essa destruição, ademais, impõe um custo adicional às obras --responsabilidade da qual os invasores provavelmente escaparão. Segundo a Caixa Econômica Federal, que zela pelos imóveis, ainda não há estimativa para os gastos extraordinários em que incorrerá.

A julgar por experiência semelhante na esfera municipal, o prejuízo será significativo. Na Prefeitura de São Paulo, calcula-se em R$ 700 mil o custo para reformar 40 apartamentos de um condomínio da Cohab (empresa metropolitana de habitação) que também foi destruído no momento do despejo.


Os próprios sem-teto agradeceriam se os recursos não precisassem ser aplicados duas vezes no mesmo apartamento.

sábado, 23 de agosto de 2014

BOLA PRETA: O PT, mais uma vez, tentando terminar com a liberdade de imprensa

O PT quer pautar a imprensa

EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 23/08


A direção do Partido dos Trabalhadores (PT) entrou na Justiça Eleitoral para obrigar a Rede Globo a ampliar a cobertura das atividades de campanha de Alexandre Padilha, candidato do partido ao governo do Estado de São Paulo. Ao pretender determinar o que uma emissora de TV deve mostrar a seus telespectadores, os petistas reafirmam sua visão autoritária a respeito do trabalho da imprensa e seu desprezo pelo jornalismo independente.

A tarefa de informar bem seus leitores, ouvintes e telespectadores, obriga as empresas jornalísticas a estabelecer critérios de seleção de informações, para entregar a seu público as notícias que terão relevância em sua vida, deixando de lado as que, a seu juízo, têm menor importância. Assim, cada redação define quais acontecimentos serão dignos de cobertura extensiva e quais merecerão espaço menor. Tais parâmetros, que integram o bê-á-bá do jornalismo, podem mudar de veículo para veículo, mas há algo que, em democracias, não mudará nunca: o princípio de que as empresas jornalísticas devem ter ampla liberdade para adotar os padrões de seleção de informações que melhor atendam seu público.

É justamente nessa liberdade, central para o exercício do jornalismo independente, que o PT pretende interferir, em defesa de uma suposta "isonomia" de tratamento para todos os candidatos ao governo paulista. Tal exigência de igualdade, da maneira como está sendo enunciada pelos petistas, serve apenas para ferir a autonomia que um veículo deve ter para determinar o que é digno de ser publicado e o que não é.

A Rede Globo entendeu que deveria dar mais espaço em seus telejornais aos candidatos ao governo paulista com mais de 6% de intenções de voto. Com isso, recebem destaque diário apenas os dois primeiros colocados, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Skaf (PMDB). Na última pesquisa do Ibope, Padilha, o candidato petista, surge em terceiro lugar, com 5% das menções. É o mais bem colocado entre os "nanicos" - está à frente de outros três candidatos que dispõem de 1% cada - e por isso aparece com frequência menor no noticiário da emissora.

No entender dos petistas, porém, a Globo estabeleceu parâmetros sob medida para, deliberadamente, sonegar de seus telespectadores o noticiário sobre a campanha de Padilha. Em carta à emissora, o presidente estadual do PT e coordenador da campanha petista, Emidio de Souza, disse que "não cabe a um veículo de comunicação definir critérios" para a veiculação de informações sobre a eleição. Para questionar as escolhas da Globo, Emidio diz que, pela margem de erro da pesquisa, de três pontos porcentuais, Padilha pode estar com 8% - acima, portanto, do piso estabelecido pela emissora. Por essa lógica, porém, o petista pode estar com 2%, em empate técnico com os outros "nanicos".

O aspecto relevante nessa polêmica, no entanto, não são alguns pontos porcentuais para mais ou para menos, e sim a reafirmação da vocação autoritária do PT e de sua hostilidade contra a imprensa livre. Em nota sobre sua petição à Justiça Eleitoral, o partido chega a exigir que a Globo "abra espaço diariamente em sua programação normal para todos os candidatos" ou então "que se abstenha de cobrir a agenda de qualquer um deles". Trata-se de uma tentativa grosseira de pautar uma emissora de TV.

Ainda que arrogante, no entanto, a manifestação petista não se compara às grosserias do ex-presidente Lula, que qualificou como "sacanagem" os critérios da Globo para a cobertura eleitoral em São Paulo. "Já fui vítima de todas as sacanagens que vocês possam imaginar, mas tem coisa que vai ficando insuportável", disse Lula num evento de campanha no início de agosto. "Em São Paulo, a sacanagem é tamanha que eles decidiram que só vão colocar os candidatos acima de 10% (sic) para tirar o Padilha da televisão. Cada jogo, em cada eleição, é uma sacanagem."


Como aquele que jamais se constrangeu ao fazer propaganda eleitoral fora de hora nem a colocar a máquina do Estado a serviço de seus candidatos, Lula deveria saber o que, de fato, é "sacanagem".

BOLA PRETA: Para a reeleição

"A fórmula para ganhar eleição"

Tulio Milman
23/08/2014
Ganhar eleição no Brasil é uma barbada.

O primeiro truque são as promessas. Muitas promessas. Encomende pesquisas, veja quais são as maiores preocupações do povo e invente soluções para todas elas. Depois de eleito, não precisa se preocupar. É só culpar a crise internacional, a oposição ou o sistema. Ou então jurar que cumpriu, mesmo que não tenha. Use gráficos.

Ingrediente número 2: abuse dos autoelogios. Diga que você inventou o sol, a chuva e o picolé de chocolate. As crianças adoram e, mesmo que elas não votem, seu poder de influência, de acordo com as pesquisas, é gigantesco. Ética e transparência são palavras básicas. Exagere nelas.

E nem perca tempo tentando entender o que significam. Não precisa. Apenas use.

Ainda no quesito elogios, pega bem contratar artistas desconhecidos, ou usar militantes, para que os testemunhos de terceiros pareçam espontâneos. Não esqueça de marcar bem os sotaques: nordestino, gaúcho, carioca, paulista e mineiro. Só dos maiores colégios eleitorais. Sotaque do Amapá não precisa.

Jamais fale mal do Bolsa Família. Mesmo que, no fundo, você ache que é um programa paternalista e assistencialista. Criticar o Bolsa Família, mostram as pesquisas, tira votos.

Sorriso no rosto, um jingle bonito com palavras tipo "esperança, novo Brasil, amanhã e futuro". Ache rimas, quaisquer rimas. Grave em ritmo de samba, forró, xote e sertanejo.

Se o eleitor chorar de emoção, o voto é seu.

Tire do baú algumas fotos antigas da família. Histórias de superação e pobreza são altamente eficazes.

Apareça no horário eleitoral gratuito fazendo coisas que você não faz, mas que as pesquisas mostram que todo mundo faz: andar de ônibus, cozinhar, ir ao supermercado.

Não olhe para a câmera durante a gravação dessas cenas de rotina. Faça de conta que você nem sabe que ela está ali. Tipo ator de novela. Pode errar que a equipe edita, ou grava de novo.

Pronto.


Você tem tudo para se eleger presidente do Brasil.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BOLA BRANCA: Para o imbatível Sponholz. Charge fantástica.

Sponholz: Um povo idiota e masoquista!

...mas mesmo assim, continuam elegendo os culpados.

BOLA PRETA: Ao PT e seu governo

Problema maquiado

 EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 22/08


Contabilidade criativa praticada pelo governo Dilma procura esconder real estado das contas públicas e já afeta até INSS e programas sociais


Quando um governo se dispõe, desconsiderando o pagamento de juros, a gastar menos do que arrecada (ou seja, fazer superavit primário), entende-se que sua intenção é demonstrar solidez e responsabilidade administrativa. Ninguém gosta de emprestar dinheiro a quem parece preso a uma espiral de dívidas cada vez maiores.

No governo Dilma Rousseff (PT), todavia, predomina outra lógica. Sem economizar o que deveria, sua equipe recorre a truques contábeis com o intuito de esconder a deterioração das contas públicas --pratica, em outras palavras, a chamada contabilidade criativa. As manobras já afetam até os repasses ao INSS e para programas sociais.

Com efeito, o Tesouro tem retido recursos que deveriam ser encaminhados a bancos federais e que se destinam a aposentadorias, seguro-desemprego, abono salarial, financiamento rural e Bolsa Família.

Começam a aparecer, como decorrência, atritos entre governo e bancos públicos, no colo dos quais cai a fatura, ainda que temporariamente. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, recorreu à Advocacia-Geral da União para que os repasses fossem regularizados.

O governo também procura obter mais dividendos das estatais a fim de fechar o caixa. Nada de errado, a princípio, em contar com tais recursos, mas há evidências de que não se veriam as cifras em questão no CURSO normal dos negócios --a saúde financeira dessas empresas, portanto, pode terminar ameaçada.

Em meio a tantas camadas de maquiagem, perde-se a transparência das contas. Sabe-se, porém, que a meta de economia de R$ 99 bilhões neste ano (1,9% do PIB) dificilmente será atingida. No primeiro semestre, acumulou-se um saldo de R$ 29,4 bilhões.

Pior, descontadas as manobras, alguns analistas estimam que o governo se aproxima de um deficit primário, algo que não ocorria desde o fim dos anos 1990.

A piora das contas tem consequências práticas muito claras. Entre elas estão juros altos, maior pressão inflacionária e rebaixamento adicional da nota de crédito do país, o que poderia levar à fuga de recursos para o exterior.

Instaura-se, assim, um ciclo vicioso: o setor privado deixa de confiar no país, os investimentos se retraem, a arrecadação encolhe, o governo não atinge o superavit primário anunciado.

Não é por acaso que a expectativa de crescimento da economia só diminui e o Brasil está à beira de uma recessão. Dados do Banco Central mostraram estagnação no primeiro semestre, e o governo reage com a receita de sempre: um pacote para estimular o crédito.


A continuidade dessas tendências não é inevitável. Revertê-las, todavia, requer demonstração de austeridade e abandono das manipulações com objetivos eleitorais.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

BOLA PRETA: Marina morena, você se pintou...

O teatro da política

MARCELO MADUREIRA
O Casseta

Política é teatro: tem drama, tem comédia (de erros), vários canastrões em cena e, pior, muitas vezes acaba em tragédia. Política tem pathos, conflito. Na maior parte das vezes, conflitos de interesses, quando deveria ser de ideias.

Nós, o populacho, somos a plateia: assistimos, torcemos, procuramos nos identificar com algum personagem e, principalmente, torcemos pelo retorno do “herói”, que vem para nos redimir.

Não me canso de dizer que a grande “contribuição” dos governos do PT ao Brasil  foi consolidar na sociedade o descrédito na atividade política. Por isso mesmo, os eleitores não se mostravam muito motivados com as eleições de outubro próximo. O espetáculo estava chato. Um fracasso de público e de crítica. Espectadores entediados abandonavam a sala de espetáculo em busca de algo mais interessante para fazer.

Mas eis que surge o inesperado. Tal e qual um Deus Ex-Machina, o jato tenta um pouso, arremete e, qual um bólido, despedaça a candidatura de Eduardo Campos, propondo uma virada radical no enredo eleitoral.

Marina Silva, com todas as suas particularidades e idiossincrasias, vem à boca de cena para ocupar o papel de protagonista na trama. Marina é um personagem interessante. De origem muito humilde, educou-se, estudou, lutou muito e tem um ar de madona renascentista, sem deixar de ser cabocla. Marina é uma espécie de Madre Teresa de Calcutá, acriana, difícil não despertar a simpatia de uma boa parte do eleitorado. Confesso que admiro muito a pessoa Marina e, apesar de discordar de boa parte de suas posições políticas, acredito que sua candidatura só engrandece a disputa eleitoral.

As primeiras pesquisas indicam um ponto positivo em toda esta tragédia. O resgate de milhões de eleitores que não pretendiam votar ou votariam em branco ou, ainda pior, votariam nulo. Os fatos reaproximaram os eleitores do teatro político e isso é bom.

Um dos aspectos positivos da democracia são as eleições. Não pela simples disputa de quem perde e de quem ganha, mas pelo debate político que uma eleição enseja.

O processo eleitoral desperta a conversa política entre a população: entre amigos, parentes, colegas de trabalho, na fila do banco e na sala de espera do hospital. As eleições estimulam o debate, o confronto de pontos de vista, elevando o nível de politização da sociedade e, independente do resultado das urnas, a democracia sai fortalecida.

Neste sentido, o trágico sacrifício de Eduardo Campos não terá sido em vão.


E tenho dito.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

BOLA PRETA: O que foi aquilo no Jornal Nacional? Dilma desconversou e não respondeu as perguntas.

SEGUNDA FEIRA, 18 DE AGOSTO - JORNAL NACIONAL

Dilma Rousseff proporcionou ao país momentos vergonhosos na sua entrevista ao Jornal Nacional. Não respondeu a nenhuma pergunta, escolhendo a técnica de gastar o tempo com respostas longas, o que criou vários momentos de tensão com Willian Bonner. O ponto alto foi quando esquivou-se de responder o que acha sobre o fato de seu partido, o PT, tratar ex-integrantes da elite da legenda como heróis, numa referência ao julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal que levou à prisão ex-dirigentes da sigla, como o ex-ministro José Dirceu.

“Sou presidente da República. Não faço observação sobre julgamento feito pelo Tribunal”, disse. Pressionada pelos apresentadores do telejornal, William Bonner e Patrícia Poeta, Dilma continuou a responder à sua maneira. “Não vou tomar posição que me coloque em confronto. Aceitando ou não, eu respeito a Corte brasileira”, afirmou. Ou seja: não respondeu sobre o tratamento de heróis que o PT dá aos bandidos mensaleiros. Sobre corrupção, ainda, mentiu que o PT criou a Controladoria Geral da União (CGU), que foi criada em 2001.

Inquirida sobre por que o seu partido não resolveu o problema da Saúde em 12 anos, desandou a falar sobre o Mais Médicos. No final, Patrícia Poeta afirmou por ela que ela, então, aceitava que a Saúde era mesmo um problema no país. Sobre economia, falou coisas que ninguém entende, criando expressões que não existem na teoria econômica. Finalmente, estourou o tempo da entrevista, tendo que ser calada pelos apresentadores. Literalmente.

Texto do Blog Coturno Noturno

Tabela publicada hoje pelo Datafolha

Confira a pesquisa por escolaridade e renda familiar abaixo

Clique para ampliar

BOLA BRANCA: PMDB caindo na "real"

Líder do PMDB declara voto em Aécio.

Dilma "só dá certo na Albânia", diz ele.
SEGUNDA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2014 – Folha Poder


Ex-líder do governo Dilma Rousseff, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) fez críticas à gestão da petista e declarou voto no candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Em palestra em Roraima para economistas, Jucá disse que votará no tucano porque é o nome com "um pouco mais de condição de mudar a linha de pensamento que não combina com o Brasil".

"Na minha avaliação, temos que mudar o rumo econômico que o Brasil está tomando. A gente tinha duas opções de voto, o Aécio e o Eduardo. Hoje perdemos uma. Eu não quero influenciar ninguém, mas vou declarar o meu. Vou votar no Aécio", afirmou. Apesar de integrar o partido de Michel Temer (PMDB), candidato a vice na chapa de Dilma, Jucá disse que o governo do PT "falha ao pender para a linha ideológica" e adota um modelo econômico que dá certo na "Albânia e no Cazaquistão", mas não no Brasil.

"A Dilma tem um discurso socialista e a prática dela é socialista. Você tem um governo ideológico na forma de comandar a economia. Ideologia, centralização, estatização, não combina com capitalismo. Isso dá certo na Albânia, Cazaquistão e alguns lugares onde a visão é outra. No caso do Brasil, nós temos que ter estabilidade e uma boa perspectiva", afirmou. Convidado a falar sobre política e economia, Jucá fez as críticas durante palestra no Conselho Regional dos Economistas de Roraima. A palestra ocorreu na semana passada, no dia da morte de Eduardo Campos (13). O conselho gravou o áudio do encontro, que foi divulgado pelo site "Rede Brasil Atual".

Por meio de sua assessoria, Jucá confirmou o que disse na palestra, mas afirmou que não comentaria suas declarações. Na palestra, Jucá disse que, como economista, não votará no governo Dilma Rousseff por discordar das ações de sua área econômica. O peemedebista chegou a falar em "tarifaço" que ocorrerá no país se a petista for eleita em outubro.

"Estamos vivendo um momento de grande dificuldades e definições. Eu fui líder do Fernando Henrique, do Lula e do começo do governo da Dilma. Mas sou economista. E vou dizer a vocês com muita sinceridade: do jeito que o governo está tocando a economia, eu não voto no PT. O Brasil não aguenta quatro anos do jeito que os caras estão levando."

O peemedebista disse que o governo Lula foi diferente do de Dilma porque o petista fazia um discurso social, mas tomava medidas capitalistas, enquanto a presidente mantém a linha socialista. Também criticou alianças do governo com países como Venezuela e Argentina, além do modelo legislativo adotado pelo Palácio do Planalto. Jucá disse estar "cansado" de pegar leis do Executivo e "ter que mudar tudo".

"É pouca gente ali [no Congresso] que sabe o que está fazendo. Normalmente, as pessoas votam ali sem saber. Quando você chega na Câmara então, é uma loucura", criticou. Além de ter sido líder de Dilma até 2012, Jucá também foi líder no Senado de parte do governo Lula e na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O senador também é relator do Orçamento da União de 2015, peça considerada vital para o futuro presidente do país.

ATAQUES
As críticas de Jucá são reproduzidas, nos bastidores, por uma ala do PMDB insatisfeita com Dilma. Parte do PMDB considera que a presidente não dialoga com o Congresso e impõe medidas econômicas contrárias ao que defende a sigla. Em junho, o partido aprovou o apoio à reeleição de Dilma com críticas ao PT e ao governo. Foram 398 votos pela manutenção da aliança (59%) contra 275 (41%) da ala que defendia o rompimento. Em 2010, o apoio peemedebista à chapa de Dilma havia sido aprovado por 85% dos convencionais.


A ala contrária a Dilma chegou a discursar contra a aliança e a distribuir panfletos em que acusa o governo de ineficiência e corrupção. Maior aliado do PT na coalizão dilmista, o PMDB possui cinco ministérios, mas reclama constantemente que seu espaço é pequeno e que não tem autonomia total nas pastas sob sua responsabilidade.

sábado, 16 de agosto de 2014

BOLA PRETA: Socorro assim não da mais. É assustadora essa PEC. Chega de PT.

“Aperfeiçoando” a democracia

EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 16/08


Tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a PEC 320, que cria na Câmara dos Deputados quatro cadeiras exclusivas para "representantes indígenas". A iniciativa tem o mesmo espírito daquele famigerado decreto presidencial que pretende alterar a ordem constitucional criando "conselhos" para "consolidar a participação social como método de governo". Em ambos os casos, a intenção declarada é "aperfeiçoar a democracia", mas o resultado é o exato oposto: fazer a democracia representativa dar lugar à representação corporativa, pilar dos regimes autoritários de inspiração fascista.

É possível que o Congresso - se estiver realmente interessado em se preservar - destine tais iniciativas, e outras similares que eventualmente apareçam, ao escaninho do esquecimento. Mas o fato é que elas sinalizam a consolidação de um pensamento autoritário que o lulopetismo pretende entranhar nas instituições políticas brasileiras.

A PEC 320 tem vários autores, liderados pelo deputado petista Nilmário Miranda (MG), e tramita desde outubro do ano passado. Ela modifica o artigo 45 da Constituição, que versa sobre a composição da Câmara dos Deputados. O texto original estabelece que a Câmara será formada por "representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal". A PEC, por sua vez, diz que, além dos "representantes do povo", a Câmara terá "representantes indígenas eleitos em processo eleitoral distinto, nas comunidades indígenas".

A proposta estabelece ainda que "a totalidade das comunidades indígenas receberá tratamento análogo a Território", isto é, terá direito de ter quatro representantes na Câmara, eleitos por aqueles com domicílio eleitoral nessas comunidades. Esse eleitores, diz o texto, poderão votar nas eleições gerais ou nas eleições específicas para os candidatos indígenas. Assim, a título de resgatar direitos dessa minoria, a proposta lhe concede privilégios políticos.

Nem se pode dizer, aliás, que a Constituição seja omissa em relação aos direitos dos povos indígenas. No artigo 231, reconhecem-se a organização social, os costumes, as línguas, as crenças e as tradições dos índios, além dos "direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".

Essa deferência especial a um grupo específico entre os diversos que compõem a sociedade brasileira resultou de um eficiente lobby indigenista durante a Constituinte.

Mas isso parece não bastar. Em sua justificativa, a PEC 320 assinala que é preciso ampliar "a participação política de um importante segmento da sociedade", isto é, os povos indígenas, "que têm sido historicamente excluídos de participação na política representativa do País".

Na visão dos parlamentares que propuseram a mudança, a atual Constituição "torna inexequível esse tipo de participação para os indígenas", porque os índios não conseguem eleger seus pares "como legítimos representantes de seus anseios no Congresso Nacional". O mesmo talvez se possa dizer dos ferreiros e dos moleiros.

Seguindo tal lógica, outros grupos sociais poderão no futuro, com igual razão, reivindicar cadeiras exclusivas na Câmara para seus "legítimos representantes". Com o tempo, talvez seja necessário construir até mesmo um novo prédio para o Congresso, para acomodar as cadeiras necessárias para atender a todos os pleitos. O limite disso parece ser apenas a criatividade.


Em lugar do princípio de "um homem, um voto", em que o voto de um cidadão não pode valer mais do que o de outro, estará criado um sistema em que apenas grupos organizados - e, claro, atrelados ao Estado - terão espaço político garantido no Legislativo. O resultado final dessa insanidade, feita em nome de um "modelo democrático comprometido com a verdadeira inclusão social e política", como diz o texto da PEC, é a desmoralização do próprio sistema representativo.

BOLA PRETA: Para o comunismo travestido de socialismo do século 21

A falência bolivariana
KÁTIA ABREU
FOLHA DE SP - 16/08


O Brasil está atado, no Mercosul, a países que estão se precipitando rumo ao abismo 'socialista'.

Para quem tinha ainda alguma fantasia sobre a ressurgência do comunismo em nosso tempo, travestido de "socialismo do século 21", a frustração não poderia ser mais completa.

O peso da realidade mais uma vez se impôs, como se pessoas e partidos políticos nada tivessem aprendido com as experiências soviética, do Leste Europeu, da China maoista e de outros países. A fantasia tornou-se o fantasma que assombra a América Latina e, infelizmente, certos partidos políticos entre nós.

Cuba, farol dessa esquerda retrógrada, é um país empobrecido que, em seus melhores momentos, viveu somente da mesada da ex-União Soviética. Posteriormente, sua mesada foi substituída pelo petróleo barato enviado pelo ex-ditador Hugo Chávez.

A falência econômica é manifesta, sendo acompanhada por uma feroz ditadura que nada concede em termos de liberdade de expressão, imprensa e circulação. Os direitos humanos são  sistematicamente pisoteados nessa ilha, tornada uma prisão. Não deixa de surpreender que atraia, ainda, adeptos em nosso país. A única explicação residiria no atraso ideológico das agremiações brasileiras de esquerda.

A Venezuela inovou em seu socialismo. Em vez da conquista violenta do poder, optou por eleições que têm como único objetivo subverter a democracia por meios democráticos. Conseguiu, dessa maneira, captar a simpatia dos comunistas/socialistas brasileiros, em falta de ideias e orientação.

De resto, está seguindo a cartilha cubana e "socialista" em geral. O resultado salta à vista. A liberdade de imprensa está sendo sistematicamente aniquilada, a oposição é violentamente perseguida e adversários políticos são considerados inimigos a serem encarcerados.

O Poder Judiciário torna-se uma pantomina a serviço do Poder Executivo. A economia está em frangalhos. A desorganização produtiva é total. Falta até papel higiênico. Só uma expressão pode nomear o que está ocorrendo: falência completa.

A Argentina, em sua muito especial mescla de peronismo e bolivarianismo, está levando o populismo econômico a seu grau máximo de radicalização, acompanhado de severas restrições à liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral.

De grande parceiro econômico, tornou-se um empecilho à própria expansão da economia brasileira. Atualmente, o país encontra-se novamente em situação de calote, depois de uma negociação forçada de um calote anterior. Ou seja, fundos e credores que não seguiram essa imposição autoritária tiveram, agora, ganho de causa em um tribunal americano.

Se a situação argentina já era ruim, ficou ainda pior. Não é a retórica populista que tirará nosso vizinho do poço.

Ocorre, contudo, que esses vizinhos são membros do Mercosul e nossos parceiros em qualquer negociação bilateral que o Brasil faça ou planeje fazer. O Brasil está atado a países que estão se precipitando rumo ao abismo "socialista".

O comércio, que deveria ser o eixo-mor dessa associação, tornou-se completamente secundário, como se não fosse ele o seu objetivo central. As reuniões do Mercosul converteram-se em simples fóruns inúteis, palcos de agressivos discursos anti-economia de mercado ou anti-Estados Unidos, segundo a cartilha anti-imperialista.

O foco econômico é, hoje, político, sobretudo voltado para a defesa das posições argentinas e venezuelanas, conforme os delírios ideológicos que lhes são característicos.

Não é mais possível o país atrelar o seu futuro a um Mercosul populista, pois teremos apenas o fracasso coletivo daquilo que já é a falência individual desses países.

Urge que o(a) próximo(a) presidente da República reveja as orientações que têm presidido a nossa política externa. Entre elas, impõe-se que essa entidade volte a ser um mercado comum, comercial, e não uma associação aduaneira.


Se nem para o comércio serve plenamente, dadas as restrições existentes em nossos vizinhos, como esses Estados podem agir como um bloco? Não estaremos substituindo a realidade pela ficção ideológica?

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Propaganda eleitoral. Iria ao ar


Este vídeo é uma parte do que iria ao ar na terça, dia 19, no inicio da propaganda eleitoral da coligação de Eduardo Campos.



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A perda de uma alternativa e a tristeza pela morte de um homem de bem


Uma perda imensurável

EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 14/08


O Brasil perdeu ontem uma alternativa importante para o seu futuro. O jovem político pernambucano Eduardo Campos, morto tragicamente na queda de um jatinho particular em Santos, juntamente com quatro assessores e dois pilotos, representava na atual disputa presidencial a chamada terceira via, com potencial para quebrar a bipolarização histórica entre o PT, atual ocupante do poder, e o PSDB, seu antecessor.

Representava, também, um sopro de novidade na política nacional. Eduardo Campos, do PSB, carregava no sangue uma história familiar de comprometimento com as causas sociais, herdada de seu avô e padrinho político Miguel Arraes, falecido em 2005, coincidentemente também num 13 de agosto. E, aos 49 anos, também carregava no currículo uma recente e bem-sucedida experiência de dois mandatos como governador de Pernambuco, de onde saiu com índices históricos de aprovação popular.

Estava, portanto, credenciado para pleitear uma fatia importante do eleitorado na atual disputa presidencial, embora ocupasse apenas a terceira posição nas pesquisas de intenção de voto já apuradas. Mas vinha conquistando espaço desde que tomou a surpreendente decisão de coligar-se com a ex-ministra Marina Silva quando esta não conseguiu o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade.

A ousadia era uma das marcas da breve carreira política de Eduardo Campos: com três mandatos parlamentares, dois mandatos de governador e participação no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a presidência nacional do PSB em 2005 e, no ano passado, surpreendeu ao optar pela candidatura própria, em vez de continuar apoiando a administração petista.

Perde o Brasil, portanto, uma referência como homem público. E perde, acima de tudo, uma liderança política comprometida com a democracia, com o desenvolvimento e com as liberdades individuais de seu povo. Mas a perda maior, imensurável, é a do ser humano, pai de família, filho ilustre de Pernambuco e homem reconhecido por seus pares pela convivência civilizada, pelo diálogo inteligente e pela integridade.

O primeiro dever do país diante de uma perda assim deve ser a solidariedade e o conforto aos familiares e amigos do ex-governador e das demais pessoas vitimadas no acidente. Só depois do luto é que se pode pensar mais refletidamente nas consequências eleitorais do inesperado desaparecimento do político pernambucano.


Porém, uma frase extraída da entrevista que ele concedeu na última terça-feira ao Jornal Nacional já pode ser adotada pelos brasileiros de todas as tendências políticas em sua homenagem: “Não vamos desistir do Brasil!”