terça-feira, 29 de abril de 2014

BOLA BRANCA: Para a mudança de cenário. A alternância no poder ajuda a democracia.

Pesquisa mostra Dilma com 37%, Aécio com 21,6% e Campos, 11,8%

Dilma perdeu 6,7 pontos percentuais em comparação com último estudo.

Pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada nesta terça-feira (29) mostra que, a menos de seis meses das eleições, a presidente Dilma Rousseff (PT) registrou 37% das intenções de voto e se mantém na liderança da disputa pelo Palácio do Planalto. Na pesquisa anterior, divulgada em fevereiro, ela aparecia com 43,7%.

Pré-candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) aparece na segunda colocação do levantamento, com 21,6%. Em fevereiro, ele havia obtido 17% da intenções de voto. Já o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, se manteve na terceira colocação do levantamento do MDA, com 11,8% (9,9% na pesquisa anterior).

No cenário em que Dilma aparece com 37% das intenções de voto, foram apresentados aos eleitores apenas o nome dela, de Aécio e Campos.

A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuias para mais ou para menos. O MDA ouviu 2.002 eleitores entre os dias 20 e 25 de abril em 137 municípios de 24 unidades da federação. Por ser ano eleitoral, a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como determina a regra do processo eleitoral, sob o número BR00086/2014.

Fonte: G1- Globo.


EDITORIAL FOLHA

FOLHA DE SP - 29/04

100% político

Lula desvaloriza decisão do STF sobre o mensalão como apenas 20% jurídica, uma conta de quem se acredita salvador da pátria e do PT
A entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio e Televisão de Portugal (RTP) que foi ao ar no sábado não é a primeira oportunidade em que escolhe solo estrangeiro para dar declarações temerárias sobre o mensalão. Neste caso, o ex-presidente preferiu atacar as instituições, ao contrário do que fez quando ocupava a Presidência.

Em Paris, a 15 de julho de 2005 (seis semanas após estourar o escândalo do mensalão), o então presidente admitiu que o PT tivesse cometido erros e que precisava explicar-se à sociedade. Afirmou que o Estado brasileiro iria apurar o caso até o fim. A temeridade, na ocasião, foi tentar justificar os erros como algo que todos os partidos praticam no Brasil.

Em Lisboa, Lula fez algo muito mais grave: pôs sob suspeição o próprio Supremo tribunal Federal.

O ex-presidente disse à jornalista Cristina Esteves, da RTP, que não iria examinar decisões da Suprema Corte e fez exatamente o oposto, ao declarar que a decisão fora 80% política e 20% jurídica. Foi além: tudo não teria passado de um massacre para destruir o PT; a história do mensalão, com o tempo, deverá ser recontada.

A afoiteza, a enumeração fantasiosa de conquistas de governos petistas e o espantalho da conspiração das elites são característicos da única retórica que Lula demonstra conhecer --a de palanque. A incongruência de dirigir-se nesse tom a ouvidos portugueses sugere que o petista em realidade pretendeu enviar mensagens algo cifradas ao Brasil, que correligionários entenderão como ordem para "ir para cima" dos adversários.

Em outras palavras, Lula parece bem mais disposto a se tornar candidato do que semanas atrás.

Sim, ele disse e repetiu, na entrevista, que não está candidato e que será cabo eleitoral de Dilma Rousseff. Mas, com a esperteza que atribui ao brasileiro, reiterou o lugar-comum de que, em política, não se pode dizer "nunca" (como preferiria a sucessora, ainda que talvez lhe convenha Lula verbalizar críticas ao STF que ela, como mandatária de outro Poder, não se permite externar).

"Troço de doido", reagiu o ministro do STF Marco Aurélio Mello, um dos poucos, ao lado de Gilmar Mendes e de Joaquim Barbosa, a se pronunciar sobre a contabilidade luliana. Não é loucura. Temeridade, por certo, jactância, mas cometidas com método e cálculo, zero de desvario.


Lula mostrou-se como o que é, 100% político. E, no contexto de crescente descrédito e perda de popularidade da presidente que fez eleger, 80% cabo eleitoral do PT e 20% pré-candidato --proporção que não hesitará em virar a seu favor caso confie em eventual vitória.
TROÇO DE DOIDO

Eliane Cantanhêde

FOLHA DE SP - 29/04

 É assim que começa. Quando 20 dos 32 deputados do PR lançam o "volta Lula", não pense que é uma bobagem, coisa dos 20 ou só do PR. Não é. Reflete o temor crescente sobre as chances de Dilma e pode ser o fio da meada.

Para amenizar o impacto, os deputados dizem que, se não tem tu, vão de tu mesmo. Ou seja, se Lula não ceder --apesar de cada vez mais assanhado--, eles engolem Dilma. Não é exatamente estimulante...

A isso se somam vários outros sinais de rejeição à reeleição. O próprio PMDB, principal partido da base aliada, inclusive com a Vice-Presidência da República, tem se rebelado --ou tem rebelados-- no Rio Grande do Sul, no Paraná, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Ceará...

Em Minas, a desistência do senador Clésio Andrade de concorrer ao governo foi comemorada como apoio certo às candidaturas do PT, mas, ontem, ele disse em nota que só vai decidir "mais à frente" quem apoiará ao governo do Estado e ao Senado.

Assim como o retrato de Lula subiu à parede da liderança do PR na Câmara, o de Dilma sumiu do gabinete de Clésio Andrade no Senado. E ele é presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

E o que dizer do ex-prefeito Gilberto Kassab, que está com Dilma, mas janta daqui com Aécio Neves, reúne-se dali com Eduardo Campos?

Há, portanto, um recuo em relação a Dilma, um compasso de espera, como se a turma estivesse esperando para ver no que vai dar --ou para onde as pesquisas sopram.

A única sorte de Dilma é que todas essas crises, éticas, políticas, econômicas, ocorrem com muita antecedência. Em 2006, por exemplo, Lula foi ao fundo do poço com mensalão e aloprados, mas se reelegeu no final.


Há, porém, uma diferença fundamental: em 2006, a economia estava bem. Em 2014, há a soma de escândalos, descontrole político e economia devagar, quase parando. O cenário eleitoral é de dúvidas. E só piora a cada fala estapafúrdia de Lula.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

BOLA PRETA: Para o Lula covarde que só fala no mensalão fora do Brasil.


Assista este vídeo do Lula falando em Portugal. O apedeuta é tão covarde que não tem coragem de falar isso no Brasil. Ouça bem, ele diz que José Dirceu, José Genoíno e o seu tesoureiro Delúbio "não são gente de sua confiança" e mais, tenta desmoralizar o Supremo Tribunal Federal. A justiça brasileira precisa, urgente, dar uma resposta oficial, determinando a investigação total de tudo sobre o mensalão. Aí vai aparecer o verdadeiro chefe do mensalão.


BOLA PRETA: Para a irascível Dilma.

PERDENDO O RESPEITO

Valdo Cruz
FOLHA DE SP - 28/04

BRASÍLIA - A liturgia do poder diz que algo anda errado quando um visitante, convidado ao palácio, não poupa de críticas seu anfitrião. Pior quando os áulicos presentes ao salão não escondem sua satisfação com o desconforto do chefe.

Pois tal cena se deu em pleno Palácio do Planalto, durante recente reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, que reúne governo, empresários e sindicalistas para debater os rumos do país.

Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci Oliveira, para surpresa dos presentes, disparou críticas ao governo.

Protestou contra promessas não cumpridas de verbas para mobilidade urbana. "O governo foi à TV em junho passado e apresentou um investimento de R$ 50 bilhões. Mas o que estou observando é que, de lá para cá, a situação não melhorou."

Disse mais. "Enquanto isso, corte no Orçamento para fazer superavit, taxa de juros nas alturas e exorbitantes transferências de recursos ao exterior para pagamento de juros aos bancos estrangeiros."

Dilma, na mesa principal, ouvia a tudo de semblante carregado. Na plateia, ministros e assessores faziam, protegidos dos olhares da chefe, gestos de concordância. Teve quem sorrisse de satisfação. Talvez nem tanto pelo conteúdo, mas pela coragem do convidado.

Ao final, Ubiraci foi efusivamente cumprimentado por colegas do Conselhão. Um empresário disse: "Mandou bem". Da anfitriã, ganhou um aperto de mão seco.

O sindicalista lavou a alma de muito assessor que já não aguenta mais as descomposturas da chefe e de empresários que se cansaram do jeito sabe tudo de Dilma.


Enfim, o estilo irascível da petista só joga contra ela própria. Leva ao isolamento --tem ministro que hoje prefere evitar o Planalto-- e sufoca a criatividade de sua equipe. Algo que não combina nem um pouco com a boa governança.

BOLA PRETA: Aos políticos saqueadores do Brasil.

OS DONOS DO PODER

NELSON PAES LEME
O GLOBO - 28/04

Saqueiam o Erário de forma torpe, solerte e desavergonhada. E nenhuma força do restante da sociedade civil lhes contrapõe qualquer resistência.

Raymundo Faoro, em seu antológico “Os donos do poder”, faz um diagnóstico certeiro e preciso da origem do patrimonialismo brasileiro: a Casa de Aviz portuguesa no Século XIV. Os reis de Portugal se consideravam proprietários do país e da nação. Essa cultura atravessou mares e séculos e se enraizou com toda a força no Brasil e na nossa concepção de Estado soberano. Hoje já não há a Casa de Aviz. Outros são os tempos e outros são os donos do poder. A Petrobras que o diga.

O Estado brasileiro sempre foi um paquiderme a serviço desses “donos” eventuais do poder. Inicialmente foram os próprios reis portugueses, depois os imperadores, depois os militares positivistas da República Velha. Depois o ditador Vargas em duas etapas, sendo que na última já dividiu parte do poder (inclusive a Petrobras) com um peleguismo ainda incipiente e amadorista. Nada parecido com o atual, altamente sofisticado e requintado. São pelegos muitas vezes com PhD e que andam acompanhados, em jatinhos executivos, de poderosos empreiteiros e subempreiteiros de gigantescas obras públicas. Alguns com mandato popular nas câmaras, assembleias legislativas e até no Congresso Nacional. Pelegos que tomam vinhos caríssimos de safras de colecionador, mas não arredam pé de um sindicalismo em decadência porque alinhado a um socialismo que já não existe. Um socialismo que foi atropelado pela revolução científico-tecnológica e pela deterioração da vida planetária, de todas as espécies viventes a exigir rever as prioridades no campo do social e da própria economia de mercado.

Com a ditadura militar que tomou conta do Brasil de 1964 a 1984, esses líderes sindicais de outrora se organizaram com mestres acadêmicos, também sindicalistas públicos em estado de pureza ideológica, egressos das universidades estatais, na resistência democrática, e fundaram um partido político, com o placet dos militares, especialmente do general Golbery do Couto e Silva, pretenso ideólogo do regime militar. Estratificou-se assim uma tecnoburocracia de oposição à tecnoburocracia militar no governo e que passou a dominar o aparelho partidário do Partido dos Trabalhadores, desfraldando a bandeira do vestalismo na política e do igualitarismo no social.

Esse partido, aparentemente ingênuo e idealista, forjado ainda nos ideais distributivistas da pré-Guerra Fria e do trotskismo revolucionário do princípio do século passado tinha, no entanto, um projeto histórico de poder idêntico ao dos reis de Portugal, dos imperadores, dos militares positivistas, dos ditadores e dos militares golpistas: tomar conta do aparelho do Estado e tornar-se dono da República e de sua economia altamente estatizada e burocratizada. O próprio Faoro já vaticinara: “Sobre as classes sociais que se digladiam, debaixo do jogo político, vela uma camada político-social, o conhecido e tenaz estamento burocrático nas suas expansões e nos seus longos dedos.” Esses longos dedos hoje pertencem a esses novos donos do país.

Ascenderam ao poder. Locupletaram-se nas companhias e bancos estatais, reinventando o “presidencialismo de coalizão” com o pior do fisiologismo herdado da ditadura militar. E aí estão. Não há força que os remova. Saqueiam o Erário de forma torpe, solerte e desavergonhada. E nenhuma força do restante da sociedade civil lhes contrapõe qualquer resistência. Até quando irão corroendo o tecido republicano, ninguém sabe. Seu combustível é a ignorância, a indigência cultural e a miséria humana.


As próximas eleições gerais que se avizinham serão decisivas para o futuro desses novos “donos do poder” e sua percepção atrasada e ultrapassada de Estado. Mas, seja qual for seu resultado, esta República se esgotou. É ingente um novo pacto que inaugure a próxima, em que o poder seja realmente partilhado com o soberano: o restante do povo brasileiro que a tudo assiste perplexo e desorientado. Uma imensa tarefa de reconstrução do Estado brasileiro é o que se espera, mas ainda não se percebe no discurso dos candidatos.

domingo, 27 de abril de 2014

BOLA BRANCA: O PT ladeira abaixo. Terça tem nova pesquisa.

SALVE-SE QUEM PUDER

Eliane Castanhêde
FOLHA DE SP - 27/04

BRASÍLIA - O clima no Planalto e no PT deve ser de "salve-se quem puder" diante da avalanche de más notícias. Dilma culpa o partido, o PT culpa a presidente e ambos têm um bode expiatório: a imprensa.

Dilma cai nas pesquisas e parece cada vez mais só, mas mantém a imagem de mulher honesta e distante de maracutaias. Logo, empurra para o PT a responsabilidade pelas vicissitudes e a torrente de denúncias.

Elas embolam o ex-vice-presidente da Câmara André Vargas, o ex-ministro e atual candidato Alexandre Padilha, ex-diretores da Petrobras e um doleiro onipresente em negociatas, já preso e indiciado.

O PT, enrolado até o pescoço, fugindo como pode de uma CPI da Petrobras e apavorado com a queda da aprovação de Dilma em todas as faixas de renda e de escolaridade, tenta jogar a culpa numa presidente que não acerta uma.

Não tem marca, deixa a desejar na gestão e é um desastre na economia: crescimento só superior ao da Argentina e da Venezuela na América do Sul, previsão de inflação acima da meta, juros mais altos do que antes da posse, aumento de impostos para cobrir erros no setor elétrico. E a balança comercial...

Afinal, o que vai bem? E, se o governo falha e o partido está envolto em denúncias, de quem é a culpa?

Dilma não pode fugir da responsabilidade, como disse o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli sobre a compra da refinaria de Pasadena, que gerou prejuízo de mais de meio bilhão de dólares.

Isso vale para tudo e para os dois lados. Se Dilma tem responsabilidade sobre Pasadena, também tem sobre os resultados lamentáveis da Petrobras e os erros do seu partido no governo. Como o PT tem sobre os escândalos e sobre os erros de um governo que, afinal, é seu.


Por mais que Dilma e o PT tentem se desassociar dos fracassos um do outro, há um elo indissolúvel entre eles: Lula. Estão no mesmo barco e ninguém pode só lavar as mãos.

BOLA PRETA: Para a falta de palavra dos políticos que estão no governo

O BRASIL NÃO TEM PALAVRA

Claudia Vassalo
REVISTA EXAME

Façamos uma autocrítica como brasileiros: no fundo, achamos perfeitamente normal que as promessas sejam descumpridas. O resultado está à vista de todos

A confiança é como o tempo: só pode ser gasta a um preço elevadíssimo. O Brasil de hoje é uma nação que busca, desesperadamente, resgatar a credibilidade perdida ao longo dos últimos anos - a conta já chegou e não será paga apenas por aqueles que tomam as decisões encastelados nos palácios de governo. Façamos uma autocrítica como brasileiros: no fundo, no fundo, achamos perfeitamente normal que as promessas sejam descumpridas. Não damos o devido valor à palavra. A nobreza que o fio de bigode carregava é uma imagem do passado. Tornou-se algo anacrônico, motivo de chacota. Quase ninguém cumpre o que promete. Quase ninguém, aqui dentro, cobra que o contrato seja honrado. O resultado está aí, para quem quiser enxergar. A culpa também é nossa.

O grande problema do Brasil de nossos tempos não é a inflação indócil, ou a situação precária da Petrobras, maior companhia nacional, ou a falta de investimentos em infraestrutura, ou o ceticismo e a apatia do capital, ou a raiva incubada de boa parte da população, ou a ameaça (real) de racionamento de energia no país inteiro e de água em São Paulo, ou ainda o atraso e a gastança nas obras da Copa. Tudo isso é consequência de um país, de governos e de uma sociedade que desperdiçaram sua credibilidade como quem joga pérolas aos porcos.

Em qualquer país onde a palavra tenha o valor que merece, uma declaração como a da ex-ministra da Casa Civil e atual senadora Gleisi Hoffmann não passaria quase despercebida. Para a senadora, a finalidade da Petrobras é melhorar a vida do brasileiro. Não dar lucro. A declaração é um absurdo de nascença. Mas vamos ignorar isso. Como explicar a frase da senadora Gleisi aos 288.000 acionistas, que acreditaram que a Petrobras se transformaria numa das maiores petrolíferas do mundo? Se o governo, de fato, pensa como a senadora Gleisi, teria sido melhor avisar aos mais de 73 000 trabalhadores que vincularam parte de seu fundo de garantia ao futuro da companhia. Para os iludidos, a vida não tem sido um mar de rosas.

Como acontece desde que o mundo é mundo, o atual período eleitoral será um festival de promessas e de cheques em branco, que serão descontados dos ganhadores lá na frente. As pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República mostram, até agora, que o eleitor anda num mau humor generalizado: a popularidade da presidente Dilma Rousseff e a aprovação de seu governo caem semana após semana. Os dois principais candidatos da oposição, o senador Aécio Neves e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, ainda não conquistaram os insatisfeitos.

A classe média tradicional, os empresários e os investidores voltam sua desconfiança para um lado. Os pobres e os emergentes para outro. O gigantesco desafio dos candidatos será quebrar o cerco de ceticismo de ambos os lados. Ganhar um deles pode até levar a uma vitória nas urnas. Mas não garantirá a confiança absolutamente necessária para que o próximo governo elimine as fragilidades da economia - um movimento dolorido -, reforce as instituições e traga a sociedade para seu lado, com a esperança de que amanhã o país estará, de verdade, melhor do que hoje.


O brasileiro está em busca de alguém que lhe diga, de verdade, o que pensa e como pretende liderar o país num momento tão delicado. Se vamos escolher uma plataforma liberal ou estatizante, uma visão de esquerda ou de direita, é outra história. Seja qual for o resultado, o país viverá as consequências de suas escolhas - para o bem e para o mal. Mas é importante que a decisão seja tomada em cima de discursos verdadeiros, de convicções, e não de balelas que inexoravelmente se transformarão em mais mentiras, que só enganam os trouxas. 

BOLA PRETA: Para guerrilha virtual do PT

Copio o post abaixo do http: coturnonoturno.blogspot.com.br 

Estadão denuncia: PT treina guerrilheiros virtuais para destruir reputações e espalhar mentiras na internet.

Jefferson Monteiro que, segundo fontes, recebe R$ 100 mil mensais para fazer o fake Dilma Bolada, ensinou aos petistas os segredos de como fazer sucesso com perfis falsos nas redes sociais.
Franklin Martins, o capo do PT para as redes sociais, destilou o seu ódio contra a mídia no Camping Digital do PT.
O criador da Dilma Bolada com Alexandre Padilha, envolvido no escândalo da Operação Lava-Jato

Um dos editoriais de hoje do Estado de São Paulo, intitulado " A guerra virtual do PT" aborda, com riqueza de detalhes, a rede de podridão e mentiras que o partido montou na internet para atacar adversários, a mídia e, principalmente, a verdade. Sabe-se que ela envolve o uso de estruturas públicas como o Serpro (em 2010) e a Eletrobras (neste ano), dentro da política de se apossar indevidamente de recursos públicos para eternizar o projeto de poder deste partido corrupto e mensaleiro, cada vez mais atolado na lama. Leia, abaixo, o editorial do Estadão:

A ordem do ex-presidente Lula, que mandou o PT "ir pra cima" daqueles que expõem os malfeitos do partido, foi perfeitamente entendida. Os petistas estão articulando uma verdadeira guerrilha para atuar nas redes sociais durante a campanha eleitoral. "Não deixem ataque sem defesa", disse o presidente do PT paulista, Emídio de Souza, a participantes de um "camping digital" promovido pelo partido para treinar essas milícias virtuais. É com esse ânimo que os petistas se aprontam para o que consideram ser uma guerra - na qual a verdade é o que menos importa.

Motivos não faltam para que o PT se preocupe. Multiplicam-se evidências de que o escândalo da Petrobrás é muito maior do que o noticiado até agora. Além disso, o eleitorado começa a se dar conta de que a imagem de administradora competente atribuída pela propaganda oficial à presidente Dilma Rousseff não corresponde à realidade. Quando fala em rebater os "ataques" que sofre, o partido pretende negar a realidade, desqualificar os que pensam de modo diferente e propagar teorias da conspiração para justificar os problemas reais do País que governa.

Nada melhor, para isso, do que o lado obscuro das redes sociais, onde o descompromisso com os padrões éticos e técnicos do jornalismo profissional permite que mentiras sejam tomadas como verdades e que verdades sejam combatidas com mentiras repetidas mil vezes. Reputações são dizimadas em alguns cliques.

Para um partido que se vê como a encarnação da vontade popular e que considera as opiniões divergentes como manobras dos "inimigos do povo", nenhum esforço é pequeno para denunciar os algozes do "novo Brasil" construído pelo lulopetismo. O tal "camping digital" que o partido montou para doutrinar seus seguidores respeita esse espírito: adestrar seu exército para disseminar a "verdade oficial" - não só em páginas do partido, mas também na forma de patrulha sistemática em sites e blogs alheios.

Nesse encontro petista, cerca de 2 mil inscritos ouviram dicas sobre como ganhar audiência em blogs, defender o partido na internet e navegar sem deixar rastros que permitam a identificação - a desculpa esfarrapada é, conforme o programa oficial, "dar prejuízo à NSA", a agência de espionagem americana acusada de bisbilhotar a internet no resto do mundo; na prática, porém, trata-se de aprender a espalhar inverdades de forma anônima, evitando processos judiciais.

Além disso, os militantes, com presumível excitação juvenil, puderam assistir a "debates" didáticos, como o intitulado Como as elites e a mídia desconstroem a verdade dos fatos, e também à palestra Internet, informação e disputa política,proferida pelo ex-ministro Franklin Martins - que está na vanguarda da luta dos radicais petistas para amordaçar a mídia crítica ao governo e que gostaria de ver o PT aparelhar a internet tanto quanto aparelhou a administração.

De quebra, em um debate sobre como responder às críticas sobre os gastos com a Copa, a audiência pôde desfrutar das opiniões de Jânio Carvalho Santos, ex-diretor da torcida organizada Mancha Alviverde, do Palmeiras, que já foi preso pela morte de um torcedor corintiano e por tumultos durante um jogo. Em uma das sentenças, o juiz informou que Jânio tem personalidade "voltada para a prática de atos violentos e conduta social reprovável".

Não é de hoje que o PT trata a internet como trincheira. No seu 4.º Congresso, em 2011, foi lançada a ideia da Militância em Ambientes Virtuais (MAV, na sigla petista), organizada para infestar as redes sociais com os ataques a adversários e à imprensa independente. É, portanto, oficial - e esses grupos estão espalhados pelo País, disseminando as distorções produzidas por jornalistas que estão a serviço do governo.

Em recente entrevista a esses jornalistas camaradas, Lula disse que é preciso uma política de comunicação "agressiva", para "defender com unhas e dentes aquilo que a gente acredita que seja verdadeiro". É nesse clima que a guerrilha virtual petista está aquecendo os músculos para fazer a versão do partido prevalecer sobre os fatos.

BOLA PRETA: Fundo de pensão controlado por sindicalistas ligados ao PT tem perda de até R$ 500 milhões


PREJUÍZO MILIONÁRIO

Alexandre Rodrigues
O GLOBO - 27/04


Enquanto a ingerência política mergulha a Petrobras numa das maiores crises de sua História, o fundo de pensão dos funcionários da estatal, a Fundação Petros, vive dias turbulentos pelos mesmos motivos. Pela primeira vez em dez anos, as contas da entidade foram rejeitadas por unanimidade por seu conselho fiscal. Nem mesmo os dois conselheiros indicados pela Petrobras no colegiado de quatro cadeiras recomendaram a aprovação das demonstrações financeiras de 2013, que apontaram um déficit operacional de R$ 2,8 bilhões no principal plano de benefícios dos funcionários da estatal e um rombo que pode chegar a R$ 500 milhões com despesas de administração de planos de outras categorias. Mesmo assim, as contas foram aprovadas no órgão superior da entidade, o conselho deliberativo, abrindo uma crise interna no fundo.

Um grupo de conselheiros eleitos descontentes resolveu recorrer à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão que fiscaliza fundos de pensão, para denunciar a direção da Petros, controlada por sindicalistas ligados ao PT desde 2003. Os resultados dos investimentos da fundação têm recebido pareceres contrários do conselho fiscal há dez anos, mas apenas com o voto dos conselheiros eleitos pelos funcionários. No entanto, as contas sempre foram aprovadas pelo conselho deliberativo, órgão superior, no qual a Petrobras, patrocinadora do fundo, indica o presidente, tendo direito a voto de desempate. A estatal, no entanto, nem tem precisado usar esse recurso.

O conselho deliberativo tem seis integrantes, três eleitos pelos funcionários e três indicados pela Petrobras. Um dos eleitos pelos empregados, Paulo Cezar Chamadoiro Martin, passou a votar com os conselheiros da Petrobras, aprovando decisões por maioria simples. Foi o que aconteceu no último dia 31 de março, quando o conselho deliberativo ignorou o parecer unânime do conselho fiscal e aprovou as contas da Petros sem sequer mencioná-lo. Martin é dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT. Sindicalistas ocupam cargos de confiança na Petrobras, que tem obtido apoio da FUP na Petros.

Os conselheiros vencidos, um suplente e dois conselheiros fiscais também eleitos pelos funcionários foram a Brasília entregar à Previc duas denúncias e duas consultas pedindo maior rigor na fiscalização das contas do fundo.


Nos documentos, obtidos pelo GLOBO, eles apontam que o principal motivo da reprovação das contas da Petros pelo conselho fiscal foi o fato de a maioria dos quase 40 planos de outras categorias que passaram a ser geridos pela fundação durante o governo Lula ser deficitária: não geram recursos suficientes para pagar os custos de administração. Esses custos estão saindo do mesmo fundo de administração dos dois planos originais da Petros, que terão de pagar a aposentadoria de 75 mil funcionários da Petrobras e suas subsidiárias. O cálculo dos conselheiros, baseado em dados que atribuem à própria Petros, é que, em cinco anos, os dois planos perderam pelo menos R$ 200 milhões. Esse montante, alegam, pode chegar a R$ 500 milhões, se for corrigido.

sábado, 26 de abril de 2014

BOLA PRETA: Vingança... ou não. A investigação adequada e isenta terá que dizer.


Coronel que confessou tortura aparece morto. Têm início as teorias conspiratórias

Reinaldo Azevedo - Veja


O coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira, 25, no sítio em que morava em Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense). O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.

Malhães prestou depoimento em março à Comissão Nacional da Verdade em que relatava ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar. Dias antes, à Comissão Estadual da Verdade do Rio, afirmou ter sido um dos chefes do grupo envolvido com a prisão do ex-deputado Rubens Paiva, morto sob tortura em dependências do Exército em 1971. Na ocasião, admitiu ter participado da operação de sumiço do corpo do parlamentar, mas ao falar à Comissão Nacional voltou atrás nas declarações e negou envolvimento no caso.

De acordo com o relato da viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite desta quinta-feira, 24, à procura de armas. O coronel seria colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da Divisão de Homicídios da Baixada que estiveram na propriedade. Cristina disse que ela e o caseiro foram amarrados e trancados em um cômodo, das 13h às 22h desta quinta-feira pelos invasores.

Em seu blog, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, afirmou que Malhães foi assassinado e, no mesmo texto, lembrou a morte de outro coronel, também ex-agente da ditadura, Júlio Miguel Molina Dias, ocorrida em 2012. Ustra comandou o DOI-CODI, em São Paulo, entre 1970 e 1974. No fim de março, durante atos que lembraram os 50 anos do golpe militar, Ustra foi alvo de manifestações de grupos de direitos humanos que pedem a punição de ex-agentes da ditadura.

Comento

O fato já vem pronto para as teorias conspiratórias. Alguns dirão que foi vítima de grupos de extrema direita, que estariam interessados no seu silêncio. Outros dirão que morreu em razão da ação de vingadores da extrema esquerda. Tudo é possível? Gente como esse coronel perde o direito de ser vítima de crime comum — o mais provável, acho eu.

Durante seu depoimento, pareceu-me já um tanto alheio à realidade. O espetáculo foi deprimente. Fez confissões que me soaram um tanto megalômanas e depois recuou. Vamos ver. Uma coisa é certa: a investigação tem de ser cercada de todos os cuidados. Qualquer nota fora do tom dará início a reações paranoicas.


Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 25 de abril de 2014

BOLA BRANCA: A ideologia petista está desmoronando

O PT COMEÇOU A MORRER

Reinaldo Azevedo
FOLHA DE SP - 25/04

 Que bom! Há nas ruas e nas redes sociais sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista

O PT ensaiou uma reação quando veio a público a avalanche de malfeitorias óbvias na Petrobras: convocou o coração verde-amarelo da nação. Tudo não passaria de uma conspiração dos defensores da "privataria", interessados em doar mais essa riqueza nacional ao "sagaz brichote", para lembrar o poeta baiano Gregório de Matos, no século 17, referindo-se, em tom de censura, aos ingleses e a seu espírito mercantil. Não colou! A campanha não pegou. A acusação soou velha, do tempo em que a ignorância ainda confundia capitalismo com maldade.

Desta vez, parece, os larápios não vão usar o relincho ideológico como biombo. Até porque, e todo mundo sabe disto, ninguém quer nem vai vender a Petrobras. Infelizmente, ela continuará a ser nossa, como a pororoca, o amarelão e o hábito de prosear de cócoras e ver o tempo passar --para lembrar o grande Monteiro Lobato, o pai da campanha "O petróleo é nosso". A intenção era certamente boa. Ele não tinha como imaginar o tamanho do monstro que nasceria em Botocúndia..

Há nas ruas, nas redes sociais, em todo canto, sinais claros de enfraquecimento da metafísica petista. Percebe-se certo cansaço dessa estridência permanente contra os adversários, tratados como inimigos a serem eliminados. Se, em algum momento, setores da sociedade alheios à militância política profissional chegaram a confundir esse espírito guerreiro com retidão, vai-se percebendo, de maneira inequívoca, que aquilo que se apresentava como uma ética superior era e é apenas uma ferramenta para chegar ao poder e nele se manter.

A arte de demonizar o outro, de tentar silenciá-lo, de submetê-lo a um paredão moral seduz cada vez menos gente. Ao contrário: há uma crescente irritação com os estafetas dedicados a tal tarefa. Se, antes, nas redes sociais, as críticas ao petismo eram tímidas, porque se temia a polícia do pensamento, hoje, elas já são desassombradas. E se multiplicam. Os blogs sujos viraram caricatura. A cultura antipetista está em expansão. E isso, obviamente, é bom.

Notem: não estou a fazer previsões eleitorais. Não sei se Dilma será ou não reeleita; não me importa se o PT fará mais parlamentares ou menos; mais governos de Estado ou menos. Quem me lê deve supor o meu gosto para cada uma dessas possibilidades. Ainda que o partido venha a ter o melhor desempenho de sua história, terá começado a morrer mesmo assim. Refiro-me, à falta de expressão mais precisa, a uma "agitação das mentalidades" que costuma anunciar as mudanças realmente relevantes.

Pegue-se o caso do PT: não nasceu em 1980. Surgiu alguns anos antes, de demandas geradas por valores a que a política institucional, as esquerdas tradicionais e o nacionalismo pré-64, que remanescia, já não conseguiam responder. À diferença do que ele próprio deve pensar, Lula não inventou o PT. O espírito do tempo é que inventou Lula.

"Ah, mas a oposição não tem projeto!" A cada dia, fica mais evidente que essa história de "projeto" é conversa para embalar idiotas. Não é preciso parir a novidade a cada eleição. Ao contrário: o espírito novidadeiro costuma traduzir um vazio de ideias. Estancar a ladroagem nas estatais é uma boa proposta. Parar de flertar com a inflação é uma boa proposta. Desmontar o aparelhamento do estado é uma boa proposta. Estabelecer parcerias com o setor privado, em vez de comprar a sua adesão com subsídios e renúncia fiscal, é uma boa proposta. E nada disso compõe, exatamente, um "projeto". A propósito: qual é o do PT?


Se querem, para o bem do país, tirar Dilma do trono, seus adversários devem se ocupar menos de encontrar a "pedra filosofal da oposição" do que de lembrar que estão a falar com um povo, na média, decente, a cada dia menos tolerante com bandidos que prometem a nossa salvação. Espero que Aécio Neves e Eduardo Campos descubram, finalmente, a força dos indivíduos e de seu senso de moralidade. São eles que criam o espírito do tempo. E que formam o povo.

BOLA PRETA: Mentiras e mais mentiras dos membros do governo se combate com CPI exclusiva e muita investigação da PF

COMBINAR AS MENTIRAS

Celso Ming
O Estado de São Paulo - 25/04

Quando era embaixador do Brasil em Londres, durante o governo Geisel, Roberto Campos recebeu em seu gabinete o então embaixador do Brasil em Paris, o ex-ministro Delfim Netto. A imprensa quis saber o que afinal os dois campeões da economia do governo militar tinham tratado. "Apenas combinamos nossas mentiras para que a gente fale a mesma coisa", disse o embaixador, em meio a gostosas gargalhadas.

No dia 8 de abril, o ex-presidente Lula sentenciou que "o governo não pode admitir as mentiras sobre a Petrobrás; tem de ir pra cima". E concluiu: "Temos de defender os fatos que acreditamos serem verdadeiros". Mas Lula não se atreveu a adiantar os fatos verdadeiros em que acredita, talvez porque ninguém da turma fale coisa com coisa. São depoimentos e orientações contraditórios, feitos por pessoas que ocupam cargos do mesmo governo e que partilham a mesma estrela vermelha do PT.

No caso da Refinaria de Pasadena, o governo não consegue combinar nem verdades nem mentiras. A presidente Dilma disse, por escrito, que, se o Conselho de Administração que ela presidia em 2006 conhecesse todas as cláusulas do contrato, não o teria aprovado. Ou seja, para a presidente Dilma, já naquela época, a compra foi lesiva à Petrobrás.

No entanto, o então diretor da Área Internacional, Nestor Cerveró, disse dia 16 de abril, no Congresso, que essas cláusulas "são irrelevantes". Se são irrelevantes, poderiam não figurar no contrato. E, no entanto, foram responsáveis pelos prejuízos seguintes.

A atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi clara, também em depoimento no Congresso: "A compra de Pasadena não foi um bom negócio". Mas o então presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, disse há cinco dias que, à época, o negócio parecia bom, depois deixou de ser e agora voltou a ser.

São declarações que, decididamente, não combinam entre si e não explicam por que o mesmo ativo, que o grupo belga Astra comprou por US$ 360 milhões (segundo outras versões, foi por apenas US$ 42,5 milhões) saiu para a Petrobrás por US$ 1,25 bilhão.

O rombo do setor energético é outra caixa-preta de proporções avassaladoras. No dia 13 de março, o ministro Guido Mantega garantia que a conta extra da energia elétrica em consequência de graves erros estratégicos do governo e também da falta de chuvas não passava de R$ 12 bilhões. O Tesouro arcaria com uma despesa adicional de R$ 4 bilhões, além dos R$ 8 bilhões já previstos no Orçamento da União; e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) se encarregaria de contratar empréstimos de R$ 8 bilhões a serem repassados às concessionárias e que, depois, cobrariam dos consumidores.

Em semanas, esse empréstimo, fechado em condições técnicas pouco claras, saltou para R$ 11,2 bilhões. Foi imposto não só aos bancos, mas, também, à própria CCEE. Quarta-feira, três dos cinco membros do Conselho de Administração da CCEE pediram demissão. Eles reprovam a operação porque temem o calote. Foi mais um ato de rebeldia dos que espocam dentro da burocracia federal. (Outra rebeldia é a do pessoal do IBGE.)

Se essas coisas acontecem na área energética que a presidente Dilma garante entender a fundo, imagine-se o que não deve acontecer nas áreas que ela entende menos.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

BOLA PRETA: Para a ladroeira do pessoal do PT na petrobras.


TUDO JUNTO E MISTURADO

José Nêumane
O Estado de São Paulo - 23/04

Ultimamente no Brasil tudo vira Fla-Flu. E terminada a refrega, tudo vai para o forno de pizza, que a todos é servida sem parcimônia nem pudor. Neste escândalo da Petrobrás, estamos em plena disputa, em que ninguém dá bola para a torcida e os jogadores brigam com o árbitro e entre si em campo, enquanto torcedores "organizados" se matam na plateia.

Na semana passada, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi ao Senado e lá reconheceu que a compra da refinaria da Astra Oil belga em Pasadena, no Texas, foi "um mau negócio". Trata-se de um evidente passa-moleque, similar ao eufemismo da chefona geral Dilma Rousseff, que costuma chamar ladroeira de "malfeito". Mas pouco se importaram os senadores que a inquiriram. Ela convenceu os governistas. Para os oposicionistas, o depoimento tornou indispensável a comissão parlamentar de inquérito (CPI) entalada no Supremo Tribunal Federal (STF). No dia seguinte, o bode expiatório Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da estatal, jurou que não quis enganar a presidente do Conselho de Administração da maior empresa brasileira, à época a atual presidente da República. Governistas deixaram tudo passar em brancas nuvens. Oposicionistas voltaram a clamar por CPI. Domingo passado, este Estado publicou entrevista do ex-presidente José Sérgio Gabrielli, que assumiu a responsabilidade pelo negócio, segundo ele, "bom", mas transferiu parte desta para Dilma, o mais ululante dos óbvios de Nelson Rodrigues. E os oposicionistas insistiram na CPI.

Enquanto se joga o Fla-Flu, que poderá ser prorrogado pela CPI afora, se o STF surpreender o País e não obedecer a quem nomeou seus membros, todos se esquecem daquilo que Antoine de Saint-Exupéry cunhou em O Pequeno Príncipe, leitura predileta das misses, espécime em extinção: "O essencial é invisível para os olhos".

No caso em tela, o essencial é simples. A Petrobrás gastou ao todo, segundo cálculos confiáveis, US$ 1,2 bilhão na aquisição e operação da refinaria de Pasadena. Informações também confiáveis dão conta de que tentativa recente de vender o ativo podre desta resultou em avaliações feitas por instituições de boa reputação, segundo as quais a refinaria, construída em 1920 e nunca reformada, sucatada e com sérios problemas ambientais (apud Veja nas bancas), não seria vendida por mais de US$ 200 milhões. Ou seja, a estatal brasileira teve prejuízo de, no mínimo, US$ 1 bilhão. Para bajuladores dos poderosos de plantão, "troco de pinga". Para o pobretão que paga as contas em impostos escorchantes, uma fortuna incalculável. Com a sem-cerimônia com que burocratas de altos escalões tratam recursos públicos e baseada em informações às quais só ela tem acesso, Foster reduziu tal rombo a US$ 500 milhões. Continua sendo uma fortuna. No entanto, ninguém, das bancadas leais ao governo ou das adversárias, lhe perguntou no Senado o que foi feito de tanto dinheiro. A ninguém interessa saber se os belgas pagaram dezenas ou centenas de milhões de dólares pelo mico oito meses antes de a Petrobrás resolver salvá-lo da extinção. Importante é saber para onde foi tal prejuízo.

Perguntaram-lhe, sim, por que Cerveró não foi punido por ter tentado enganar o Conselho de Administração, composto por Dilma e por pétalas da fina-flor da burguesia nacional do porte de Gerdau Johannpeter, Fábio Barbosa e Claudio Haddad, entre outros agraciados pela aliança pete-peemedebista. Mas premiado com a direção financeira da Braspetro, distribuidora dos combustíveis da Petrobrás. Ela fez pouco-caso, dizendo que o emprego não tem importância. Ninguém se interessou em perguntar para informar ao favelado que vive de bicos e paga a conta em quanto importaram os salários e benefícios pagos ao desatento servidor desde o relatório incompleto até a demissão sem desonra.

Enquanto Foster e Cerveró eram tratados com deferência nos interrogatórios no Congresso, a Polícia Federal (PF) continuava seu trabalho, a Operação Lava Jato, que já desmascarou o doleiro do poder, Alberto Youssef. E pôs em maus lençóis o influente vice-presidente da Câmara dos Deputados e ex-secretário de Comunicação do Partido dos Trabalhadores (PT), André Vargas (PR). O distinto público pode avaliar, então, por que este senhor provocou o presidente do STF em público, em defesa dos colegas condenados pela cúpula do Judiciário, e combateu com tanto denodo a liberdade de informação, de braços dados com o presidente petista, Rui Falcão. Por que não o deixaram fazer seu "malfeitozinho" em paz, ora? A PF vasculhou até escritórios da sede da maior empresa brasileira em busca de provas contra o ex-diretor Paulo Roberto Costa, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamava carinhosamente de Paulinho.


A revista Época desta semana publicou outras explicações para a queda pela metade do valor do patrimônio da Petrobrás, que, de acordo com o Financial Times (agora, na certa, incluído na lista dos membros do Partido da Imprensa Golpista, PIG, porco em inglês), passou de 12.º para 120.º no ranking das empresas mundiais. E mais: mostrou evidências de que "está tudo junto e misturado" no propinoduto do escândalo do momento. As conexões do doleiro estendem-se a Carlinhos Cachoeira, o bicheiro que derrubou Valdomiro Diniz, factótum de José Dirceu, réu número um do mensalão, e o senador Demósthenes Torres, "varão de Plutarco" da oposição, indo, portanto, do Paraná do casal Gleisi Hoffman-Paulo Bernardo a Goiás do bicheiro. No mesmo embrulho cabem a Delta de Fernando Cavendish, amigo de Sérgio Cabral, e a sabedoria estratégica de Pedro Paulo Leoni Ramos, companheiro de farras de juventude do aliado senador alagoano Fernando Collor, que o PT ajudou a apear da Presidência da República em escândalo similar. Se, em vez de Fla-Flu e pizza, houvesse investigação pra valer, muita gente fina nesta República estaria perdendo o sono em celas infectas, reservadas apenas às prostitutas, aos pretos e aos pobres de sempre, salvo desonradas exceções.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

BOLA BRANCA: Para a CPI exclusiva sobre a Petrobras

CPI neles!

RICARDO NOBLAT
O GLOBO - 21/04

“Quem não deve não teme. E quem deve tem que ser preso e algemado”. LULA

E continua a troca indireta de chumbo entre Dilma e Lula. Ligada a Dilma, Graça Foster, presidente da Petrobras, reconheceu que foi um mau negócio para a empresa a compra em 2006 da refinaria de Pasadena, no Texas. Deixou um rombo de meio bilhão de dólares. Ligado a Lula, José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, replicou que Dilma não pode "fugir de sua responsabilidade" na compra da refinaria.
"Quem não deve não teme. E quem deve tem que ser preso e algemado" LULA

ERA LULA o presidente do Brasil quando Pasadena foi comprada. De princípio, apenas pela metade da refinaria, a Petrobras pagou praticamente o que o grupo belga Astra Oil havia pagado por ela inteira.
Quando o negócio foi fechado, era Dilma a ministra- chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

"NÃO POSSO fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho", disse Gabrielli em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo". E completou, dando mais uma estocada em Dilma: "Nós somos responsáveis pelas nossas decisões".

É GRANDE O desconforto de Lula e de Dilma com a exposição pública de mazelas da Petrobras. De Lula, porque foi nos oito anos de governo dele que avançou o processo de loteamento político de cargos na Petrobras - e tudo isso está vindo à luz agora.De Dilma, porque o caso Pasadena atingiu em cheio sua imagem de gestora notável.

LULA SAIU do governo com 80% de aprovação. Nega que pretenda voltar já - talvez daqui a quatro anos. Está pronto, contudo, para entrar em campo se Dilma teimar em perder cada vez mais pontos nas pesquisas sobre intenção de voto. O sonho de Dilma é o de se reeleger. Lula e Fernando Henrique Cardoso se reelegeram. Por que ela não?

DILMA COMO a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento foi uma invenção de Lula. Como uma espécie de primeira-ministra foi uma invenção de Lula. E como melhor administradora do que ele foi uma invenção de Lula. Vote na mulher de Lula - eis a poderosa sugestão da propaganda que empurrou Dilma ladeira acima.

PASADENA EMPURRA Dilma ladeira abaixo. Onde se viu transação bilionária ser tratada de maneira tão descuidada e apressada como foi a de Pasadena? Ao longo de seis anos, a Petrobras desembolsou algo como US$ 1,2 bilhão pela refinaria, cujo valor atual de mercado é de US$ 200 milhões. Gestão temerária? Para dizer o mínimo. A conferir.

VEJAM SÓ: num dia, os membros do Conselho de Administração da Petrobras receberam o resumo técnico de uma página e meia da documentação completa de mais de 400 páginas referente ao negócio. No dia seguinte, aprovaram o negócio. A documentação completa esteve à disposição deles. Por que não a consultaram? Sabe-se lá...

SABE-SE QUE, ouvida recentemente pelo "O Estado de S. Paulo", Dilma alegou que se baseara num resumo técnico "falho e incompleto" para aprovar a compra da refinaria. O que aconteceu com o autor do resumo? Foi elogiado e transferido para outro cargo, onde passou a lidar com mais dinheiro. Só há pouco perdeu o cargo. Que tal?


A MINISTRA Rosa Weber, do STF, decidirá, esta semana, se concede liminar para instalação de CPI exclusiva da Petrobras. O mais provável é que conceda, sim. CPI é direito da minoria. Uma vez que exista fato determinado e que tenham sido cumpridas as regras para a criação da CPI, manda a jurisprudência do tribunal que ela seja instalada. E pronto.

BOLA PRETA: Para a esquerda festiva.

ilustração do blog esquerda festiva

POR UMA DIREITA FESTIVA

LUIZ FELIPE PONDÉ
FOLHA DE SP - 21/04

O maior desafio para um jovem estudante liberal no Brasil é pegar mulher no meio universitário e afins

Ser jovem e liberal é péssimo para pegar mulher. Este é o desafio maior para jovens que não são de esquerda.

Um dos maiores desafios dos jovens que não são de esquerda não é a falta de acesso a bibliografia que seus professores boicotam (o que é verdade), nem a falta de empregos quando formados porque as escolas os boicotam (o que também é verdade), mas sim a falta de mulheres jovens, estudantes, que simpatizem com a posição liberal (como se fala no Brasil) ou de direita (quase um xingamento).

Os cursos em que você encontra jovens liberais (economia, administração de empresas, engenharia e afins) têm muito poucas mulheres e as que têm não têm muito interesse em papo cabeça e política. O celeiro de meninas que curtem papo cabeça e política são cursos como psicologia, letras, ciências sociais, pedagogia e afins, todos de esquerda.

E aí se recoloca o problema: quando liberais se reúnem há uma forte escassez de mulheres, o que é sempre um drama. E quando junta muito homem falando papo cabeça sem mulher por perto, todos ficam com cara de Sheldon. Sem mulheres, tudo fica chato em algum momento. Como resolver um problema sério como esse?

Vou repetir, porque eu sei que questões altamente filosóficas são difíceis de se entender: o maior desafio para um jovem estudante liberal no Brasil é pegar mulher (no meio universitário e afins), sendo liberal. Claro, charme pessoal, simpatia, inteligência, grana, repertório cultural, sempre são fatores importantes, mas a esquerda tem um ponto a favor dela que é indiscutível: se você é de esquerda, pegar mulher é a coisa mais fácil do mundo. Qual o segredo da esquerda? É ser festiva.

Outro dia, conversando com um amigo e colega que é bastante conhecido (por isso vou preservar sua privacidade), chegamos à conclusão de que a direita (liberal, claro, não estou falando de gente que gosta de tortura, tá?) precisa desesperadamente encontrar sua face festiva.

A esquerda festiva (que é quase toda ela) reproduziu porque teve muitas mulheres à mão. Imagine papos como: "Meu amor, se liberte da opressão sobre o corpo da mulher!". Agora, imagine que você esteja num diretório de ciências sociais no final da noite ou num apê sem pai nem mãe (dela) por perto. Um pouco de vinho barato, quem sabe, um baseado? Um som legal, uma foto grande do Che (aquele assassino chique) na parede.

Ou imagine você dizendo para uma menina bonitinha algo assim: "O capital mata crianças de fome na África!". Mesmo sendo ela uma jovem endurecida pela batalha contra a opressão da mulher (por isso tenta desesperadamente ser feia), seu coração jorrará ternura.

Imagine a energia de uma manifestação! Braços dados ou não, mas caminhando e cantando. Imagine a fuga, correndo juntos da polícia. Os corações batendo juntos!

E claro, imagine vocês no bar da faculdade (matando a aula, porque quem assiste aula não pega mulher): muita cerveja, muitas juras de revolta contra as injustiças sociais, muitas citações de Marx e Foucault.

Ou, mais sofisticado ainda: um festival de documentários em Cuba! Meu Deus, pode haver paraíso melhor para se conhecer meninas "donas do seu corpo"?

Desde as primeiras populações na pré-história sabe-se que sem álcool e conversa (por isso aprendemos a falar, do contrário só as meninas falariam) a humanidade teria desaparecido porque mais da metade das meninas não iam querer transar --principalmente quando descobriram a dor do parto.

O canal para uma direita festiva é: fale de liberdade, do sofrimento humano, de corpo, discuta documentários, diga que a vida não tem sentido, mas que a beleza existe, não se vista como o Sheldon, viaje para a Islândia, e (pelo amor de Deus!) não fale de economia. As meninas destetam economia, essa "ciência triste", porque atrapalha a alegria da vida.

Ou rezem para o Brasil virar a Venezuela e aí os meninos liberais vão pegar todas.

Eu sei: vão dizer que estou afirmando que discutimos papo cabeça para pegar mulher, mas, lamento, é isso mesmo que estou dizendo, pelo menos em parte. Acordei hoje numa "vibe" darwinista. Sorry.