O SUJEITO (NEM TÃO) OCULTO
JOÃO
BOSCO RABELLO
O
Estado de S.Paulo - 13/04
Ilustração do Blog
O simbolismo da operação de
busca e apreensão na Petrobrás pela Polícia Federal é computado nos meios
políticos como dano eleitoral que abala ainda mais o poder competitivo da presidente
Dilma Rousseff , em busca da reeleição.
Porém, mais afasta do que
aproxima o ex-presidente Lula de uma candidatura em 2014. Segundo o raciocínio,
o ex-presidente é o sujeito (nem tão) oculto do enredo que, nas aparências,
abala apenas a presidente e reforça o pretexto para a troca de candidatos.
As operações da Petrobrás
investigadas pela Polícia Federal ocorreram no seu governo e, em que pese dele
ter feito parte também a presidente, na condição de ministra das Minas e
Energia e, depois, da Casa Civil, a fonte de poder era Lula.
É um contexto em que o pau
que bate em Chico bate em Francisco. Se candidato, como deseja uma parcela do
PT, Lula terá de enfrentar o mesmo calvário de denúncias que desabam sobre a
sucessora, com a agravante de ter sido o chefe do governo à época dos
acontecimentos.
Os malfeitos na Petrobrás
ocorreram não só sob as vistas de ambos, mas com uma divergência, agora
revelada pela presidente, quanto ao pivô das investigações, o ex-diretor Paulo
Roberto Costa, preso sob acusação de conduzir uma operação de lavagem de dinheiro
a partir de contratos intermediados junto à empresa.
Na versão da presidente,
Costa sustentou-se como diretor à sua revelia e contra sua vontade. Outro
preso, o doleiro Alberto Youssef, tem notórias ligações com parlamentares (ele
soma 47 em suas contas), o mais vistoso, o ex-vice-presidente da Câmara, André
Vargas (PT-PR), cujo mandato pôs a serviço de um projeto de desvio de recursos
públicos concebido por ambos.
Não por acaso, sumido do
noticiário, Lula voltou à cena ao mesmo tempo em que a CPI da Petrobrás deu às
denúncias alguma expectativa de investigação, fora do controle do governo.
O ex-presidente se insere no
enredo como advogado da afilhada política, mas o faz em causa própria.
Não se sabe integralmente o
teor da recente conversa de três horas entre Dilma e Lula, mas é certo que a
versão da presidente para a aprovação da compra da refinaria de Pasadena,
considerada pelo PT um tiro no pé, acendeu a luz amarela na relação entre
criador e criatura.
Vai ganhando sentido agora a
iniciativa de Dilma de situar-se como vítima de omissão da Petrobrás para fazer
aprovar uma operação que, conhecidos seus termos , dela não receberia chancela.
Com a sua manifestação,
Dilma vincula seu antecessor às fontes dos problemas do PT diante do que se
afigura um escândalo maior ou da mesma proporção do mensalão.
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