ilustração do blog esquerda festiva
POR UMA DIREITA FESTIVA
LUIZ FELIPE PONDÉ
FOLHA DE SP - 21/04
O maior desafio para um
jovem estudante liberal no Brasil é pegar mulher no meio universitário e afins
Ser jovem e liberal é
péssimo para pegar mulher. Este é o desafio maior para jovens que não são de
esquerda.
Um dos maiores desafios dos
jovens que não são de esquerda não é a falta de acesso a bibliografia que seus
professores boicotam (o que é verdade), nem a falta de empregos quando formados
porque as escolas os boicotam (o que também é verdade), mas sim a falta de
mulheres jovens, estudantes, que simpatizem com a posição liberal (como se fala
no Brasil) ou de direita (quase um xingamento).
Os cursos em que você
encontra jovens liberais (economia, administração de empresas, engenharia e
afins) têm muito poucas mulheres e as que têm não têm muito interesse em papo
cabeça e política. O celeiro de meninas que curtem papo cabeça e política são
cursos como psicologia, letras, ciências sociais, pedagogia e afins, todos de
esquerda.
E aí se recoloca o problema:
quando liberais se reúnem há uma forte escassez de mulheres, o que é sempre um
drama. E quando junta muito homem falando papo cabeça sem mulher por perto,
todos ficam com cara de Sheldon. Sem mulheres, tudo fica chato em algum
momento. Como resolver um problema sério como esse?
Vou repetir, porque eu sei
que questões altamente filosóficas são difíceis de se entender: o maior desafio
para um jovem estudante liberal no Brasil é pegar mulher (no meio universitário
e afins), sendo liberal. Claro, charme pessoal, simpatia, inteligência, grana,
repertório cultural, sempre são fatores importantes, mas a esquerda tem um
ponto a favor dela que é indiscutível: se você é de esquerda, pegar mulher é a
coisa mais fácil do mundo. Qual o segredo da esquerda? É ser festiva.
Outro dia, conversando com
um amigo e colega que é bastante conhecido (por isso vou preservar sua
privacidade), chegamos à conclusão de que a direita (liberal, claro, não estou
falando de gente que gosta de tortura, tá?) precisa desesperadamente encontrar
sua face festiva.
A esquerda festiva (que é
quase toda ela) reproduziu porque teve muitas mulheres à mão. Imagine papos
como: "Meu amor, se liberte da opressão sobre o corpo da mulher!".
Agora, imagine que você esteja num diretório de ciências sociais no final da
noite ou num apê sem pai nem mãe (dela) por perto. Um pouco de vinho barato,
quem sabe, um baseado? Um som legal, uma foto grande do Che (aquele assassino
chique) na parede.
Ou imagine você dizendo para
uma menina bonitinha algo assim: "O capital mata crianças de fome na
África!". Mesmo sendo ela uma jovem endurecida pela batalha contra a
opressão da mulher (por isso tenta desesperadamente ser feia), seu coração
jorrará ternura.
Imagine a energia de uma
manifestação! Braços dados ou não, mas caminhando e cantando. Imagine a fuga,
correndo juntos da polícia. Os corações batendo juntos!
E claro, imagine vocês no
bar da faculdade (matando a aula, porque quem assiste aula não pega mulher):
muita cerveja, muitas juras de revolta contra as injustiças sociais, muitas
citações de Marx e Foucault.
Ou, mais sofisticado ainda:
um festival de documentários em Cuba! Meu Deus, pode haver paraíso melhor para
se conhecer meninas "donas do seu corpo"?
Desde as primeiras
populações na pré-história sabe-se que sem álcool e conversa (por isso
aprendemos a falar, do contrário só as meninas falariam) a humanidade teria
desaparecido porque mais da metade das meninas não iam querer transar
--principalmente quando descobriram a dor do parto.
O canal para uma direita
festiva é: fale de liberdade, do sofrimento humano, de corpo, discuta
documentários, diga que a vida não tem sentido, mas que a beleza existe, não se
vista como o Sheldon, viaje para a Islândia, e (pelo amor de Deus!) não fale de
economia. As meninas destetam economia, essa "ciência triste", porque
atrapalha a alegria da vida.
Ou rezem para o Brasil virar
a Venezuela e aí os meninos liberais vão pegar todas.
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